Apesar da recuperação que se
tinha verificado em 2015 e 2016, o ano de 2017 terá a diferença entre
nascimentos e óbitos mais alta deste século, mais 24000 mortes que nascimentos.
Acentua-se este inverno demográfico.
Nós, portugueses, somos uma
espécie ameaçada e fico deveras inquieto com a aparente despreocupação que as
autoridades na matéria e do universo da ecologia revelam e a ausência de
medidas de protecção espécie o que não acontece com outras também ameaçadas.
Na verdade, de há alguns anos
para cá os portugueses têm sofrido com alterações a vários níveis que se
traduzem na sua diminuição no nascimento de novos indivíduos.
As alterações climáticas e das
condições de vida no território têm sido de alguma severidade criando um clima
tenso, inseguro, que gera desconfiança e desesperança e aumentado as
dificuldades da sobrevivência.
De uma forma geral, exceptuando
alguns exemplares mais preparados, os portugueses têm sido vítimas de
predadores, mais conhecidos por mercados, que têm criado uma enorme pressão no
nosso habitat instalando situações de carência e pobreza que dificultam a
construção de projectos de vida que incluam filhos o que acentua o declínio da
espécie.
É também sabido que nas espécies
mais evoluídas assume especial relevância na sua sobrevivência e evolução o
papel e a qualidade das lideranças. Também nesta dimensão se verifica uma
enorme fragilidade criando uma deriva inconsequente e dispersão de esforços e
ideias. Esta situação é ainda um contributo para as alterações climáticas que
referi acima.
Os membros mais novos da espécie
têm sido particularmente afectados pelas alterações no seu ecossistema pelo que
população adulta tende a abster-se de aumentar o número de indivíduos, condição
imprescindível à manutenção da espécie.
Acontece ainda que muitos
milhares de portugueses, válidos e qualificados, sem que se sintam capazes da
sobrevivência no seu habitat se sentem empurrados e têm partido para outros
territórios onde muito provavelmente se adaptarão e a prazo abandonam, na prática,
a sua espécie embora possamos beneficiar da presença de indivíduos de outras
espécies que vêm para o nosso território e se adaptam a este habitat.
Neste quadro, parece urgente que
se exijam medidas de protecção aos portugueses. Urge diminuir a actividade
predatória sobre boa parte da população.
Urge aumentar os níveis de
protecção e incentivo à natalidade mas de forma séria e não medidas
inconsequentes e mais retórica. Os custos dos serviços de educação para os
membros mais novos da espécie são dos mais altos da Europa.
Urge aumentar o bem-estar da
população no seu todo e não de uma pequena minoria que é insuficiente para a
manutenção da espécie.
Urge construir um caminho que
possibilite a recuperação e proliferação da espécie.
Não somos uma espécie em
extinção.
Somos, é verdade, uma espécie
ameaçada.
Mas vamos sobreviver.
E para isso é preciso mudar.
Já.
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