Vivemos tempos em que por boas e
más razões a educação familiar e os seus sobressaltos estão na agenda.
Como já tive oportunidade dizer,
incluindo em colaborações com a imprensa, julgo que é importante que este
universo seja objecto de trabalhos e divulgação, a velha ideia da aldeia que
educa. Apenas se espera e deseja que as abordagens sejam competentes,
informativas e promotoras de confiança e optimismo no exercício da educação
familiar.
Hoje encontra-se no DN um
trabalho interessante sobre a decisão cada vez mais frequente, felizmente, de se promover
e aceitar a residência alternada entre a casa de pais e mães para as crianças
de famílias envolvidas em processos de separação conjugal.
De facto, os inquéritos junto das
famílias e os estudos mostram que em princípio é mais vantajoso para a criança
viver em casa do pai e em casa da mãe por períodos alternados do que a situação
que tem sido mais habitual nos casos de regulação parental, a entrega da
criança à mãe e visitas ao pai. A própria cultura dos Tribunais de Família tem alimentado
decisões desta natureza subvalorizando por preconceito e representação a
capacidade cuidadora e educadora dos pais entendo-o sobretudo como
“financiador” e parceiro para brincadeiras. Este modelo gera potenciais
assimetrias e afastamento entre as crianças e os pais mas, quer na
visão dos adultos e envolvidos, quer na decisão das instituições parece
verificar-se alguma mudança o que se saúda.
É evidente que ao defender o
princípio da residência alternada estamos a falar num princípio geral que
deverá ser considerado caso a caso.
Importa ainda sublinhar que as
crianças gerem muito bem a dimensão logística e emocional da residência alternada. Na
verdade, desde muito novas as crianças lidam tranquilamente com progenitores
separados que as amem e delas cuidem e com quem convivam alternadamente.
É sempre preferível uma boa
separação a uma má família, as crianças percebem muito bem quando têm pais casados
por fora e “descasados” por dentro. Compete aos adultos o esforço, por vezes
pesado, de construir uma boa separação. Aliás, só assim poderão voltar a
construir uma boa família.
Importante mesmo é que também
todos os que de nós lidamos com crianças e com os seus problemas possamos
ajudar os pais neste entendimento, poupando sofrimento a adultos e crianças e
mesmo decisões de guarda parental pouco amigáveis para o superior interesse da
criança.
Sem comentários:
Enviar um comentário