quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

QUE SE SEPAREM OS PAIS MAS NÃO SE SEPAREM OS FILHOS

Vivemos tempos em que por boas e más razões a educação familiar e os seus sobressaltos estão na agenda.
Como já tive oportunidade dizer, incluindo em colaborações com a imprensa, julgo que é importante que este universo seja objecto de trabalhos e divulgação, a velha ideia da aldeia que educa. Apenas se espera e deseja que as abordagens sejam competentes, informativas e promotoras de confiança e optimismo no exercício da educação familiar.
Hoje encontra-se no DN um trabalho interessante sobre a decisão cada vez mais frequente, felizmente, de se promover e aceitar a residência alternada entre a casa de pais e mães para as crianças de famílias envolvidas em processos de separação conjugal.
De facto, os inquéritos junto das famílias e os estudos mostram que em princípio é mais vantajoso para a criança viver em casa do pai e em casa da mãe por períodos alternados do que a situação que tem sido mais habitual nos casos de regulação parental, a entrega da criança à mãe e visitas ao pai. A própria cultura dos Tribunais de Família tem alimentado decisões desta natureza subvalorizando por preconceito e representação a capacidade cuidadora e educadora dos pais entendo-o sobretudo como “financiador” e parceiro para brincadeiras. Este modelo gera potenciais assimetrias e afastamento entre as crianças e os pais mas, quer na visão dos adultos e envolvidos, quer na decisão das instituições parece verificar-se alguma mudança o que se saúda.
É evidente que ao defender o princípio da residência alternada estamos a falar num princípio geral que deverá ser considerado caso a caso.
Importa ainda sublinhar que as crianças gerem muito bem a dimensão logística e emocional da residência alternada. Na verdade, desde muito novas as crianças lidam tranquilamente com progenitores separados que as amem e delas cuidem e com quem convivam alternadamente.
É sempre preferível uma boa separação a uma má família, as crianças percebem muito bem quando têm pais casados por fora e “descasados” por dentro. Compete aos adultos o esforço, por vezes pesado, de construir uma boa separação. Aliás, só assim poderão voltar a construir uma boa família.
Importante mesmo é que também todos os que de nós lidamos com crianças e com os seus problemas possamos ajudar os pais neste entendimento, poupando sofrimento a adultos e crianças e mesmo decisões de guarda parental pouco amigáveis para o superior interesse da criança.

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