O Professor Velho, o que está na
biblioteca e fala com os livros, ia a atravessar o pátio da escola e cruzou-se
com o Paulo, um seu "velho conhecido".
Olá Paulo, tudo bem contigo?
Tá-se bem Velho, olha lá, quando é que eu já não preciso de vir à
escola?
Não percebo.
Sou obrigado a vir para a escola até quando? É até ao 12º?
Sim, tu vais ter de cumprir 12 anos de escolaridade obrigatória e isso pode chegar ao 12º.
Porque perguntas isso?
Velho, até aos 18 anos é bué da tempo, eu já sei ler, sei escrever, sei
resolver problemas, já não preciso de saber mais coisas.
Mas isso é pouco para teres uma profissão que gostes.
Velho, a minha irmã Joana andou bué da tempo na escola, foi para a
universidade para ser, parece que engenheira e não trabalha, não arranja
trabalho.
Certo, às vezes é difícil mas a maioria das pessoas tem trabalho.
Mas são as pessoas que conhecem gente bué importante e que pedem, é o
que diz o meu pai.
Não é bem assim, as coisas da vida das pessoas não estão fáceis mas
podem mudar.
Não Velho, não muda nada, as pessoas que mandam passam o tempo a dizer
mal uns dos outros, só pensam nos interesses deles e não querem saber dos
outros, diz o meu pai.
Eu acredito que as coisas podem ficar melhores e que era bom que
continuasses na escola mais tempo, mas estou preocupado contigo.
Não te preocupes Velho, amanhã ainda venho, tenho teste de História e
quero safar-me.
E lá foi o Paulo, deixando o
Professor Velho inquieto com a dificuldade que todos sentimos em ajudar os mais
novos a acreditar que lá para diante haverá uma vida que mereça um esforço para ser construída.
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