O Expresso noticia que o
Ministério da Educação francês decidiu que a partir do próximo Setembro as
crianças francesas entre os 6 e os 15 anos estão proibidas de usar ou consultar telemóveis e smartphones no receio e nos intervalos para almoço.
Segundo o Ministro, “Hoje em dia,
as crianças já não brincam no recreio, porque estão todas à volta do seu
smartphone e entende que a decisão é "uma mensagem de saúde pública para
as famílias".
Embora a razão que a sustenta, o
uso excessivo deste tipo de dispositivos por parte de crianças e adolescentes
com risco directos e indirectos reconhecidos, seja óbvia a decisão não é
consensual.
Ao que parece existem pais que se
inquietam com a impossibilidade de contactar com os filhos e também se colocam
questões de natureza logística, como recolher, guardar e devolver a quantidade
de telemóveis no entanto esta é a parte que me parece menos discutível se bem
que a dificuldade logística seja evidente.
Acresce que a utilização dos
smartphone e telemóveis nas salas de aula como ferramenta de trabalho e de
suporte à aprendizagem e ao conhecimento está aí e está para se incrementar o
que me parece natural. Fica algo estranho que nas aulas possam trabalhar com os dispositivos e no intervalo sejam proibidos de os utilizar.
Não tenho nenhuma convicção
que esta estratégia de proibição devolva crianças e adolescentes à conversa e
aos “jogos tradicionais”.
A questão estará a montante, a
utilização que nós todos damos a estes dispositivos. Seria bastante mais
interessante que se discutisse a sério nas comunidades educativas a regulação
dos comportamentos e definição de regras e limites, sem “supernannys”, sem “superdaddys”
ou “superstores”. No entanto esta discussão tem de ser acompanhada pela nossa,
adultos e profissionais, regulação da sua utilização. Se olharmos para muitas
famílias em “convívio” ou para muitos contextos profissionais em “reunião” e repararmos
o que está acontecer nos ecrãs que muitos terão à sua frente perceberemos o que
está por fazer, comportamento gera comportamento.
Apesar de bem-intencionada a
decisão da proibição não me parece eficaz e, mais do que isso, pode vir a
constituir parte do problema e não um bom contributo para a solução.
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