Na imprensa dos últimos dias encontravam-se
duas peças que merecem leitura e reflexão sobre um universo que tenho
designado por “alçapões da net”. No Público podia ler-se “Quando for grande quero ser youtuber “ e no Observador “Os mitos educativos que estão a deixar as crianças viciadas em tecnologia”. Algumas notas repescadas de um texto que
produzi para a Visão.
A presença das tecnologias de
informação e de utilização lúdica no nosso quotidiano é cada vez mais pesada e
cada vez mais as sentimos como imprescindíveis.
Em muitas famílias as crianças
desde muito cedo as crianças têm acesso a este tipo de equipamentos e conteúdos
e são reconhecidos os riscos que a sua sobre utilização implica como as peças
sublinham.
Apesar de termos contextos
familiares em que estes dispositivos são utilizados como serviço de
“babysitting”, ou seja, as crianças estão “entretidas” com um qualquer ecrã
durante demasiado tempo para “descanso” da família, a experiência mostra-me que
muitos pais se preocupam com os comportamentos e atitudes que devem adoptar.
Os estilos de vida e as
particularidades de cada situação não permitem elaborar “receitas” com as quais
em matéria de educação escolar ou familiar não simpatizo muito. No entanto,
creio que poderemos considerar alguns pontos que nos podem ajudar nesta matéria
entendidos como orientações.
Não me parece boa ideia
“diabolizar” as novas tecnologias, fazem parte do nosso quotidiano e são
excelentes ferramentas de acesso a conhecimento e a entretenimento, quer em
contexto familiar, quer em contexto escolar. Aliás, já nem me parece que justifiquem o "novas". Assim sendo, afastá-las das
crianças e jovens não parece o mais ajustado.
Nesta perspectiva, exceptuando
crianças muito pequenas e por razões óbvias, a proibição não parece uma boa
abordagem. A definição de regras, tempo, atenção aos conteúdos e circunstâncias
de utilização e supervisão relativamente aos conteúdos será uma atitude bem mais ajustada. Não é, evidentemente, uma
tarefa fácil mas parece-me imprescindível que sejamos firmes e consistentes
nesse sentido, os riscos são elevados e o bem-estar presente e futuro das
crianças merece e justifica o esforço.
Conversar com outros pais,
educadores/professores ou técnicos sobre estas questões parece também uma boa
iniciativa. Verificamos que não somos os únicos a lidar com dificuldades ou
inquietações o que pode minimizar alguma insegurança ou receio e podemos
partilhar informações e formas de actuar que podem ser úteis apesar das
diferenças de cada situação.
Finalmente, creio que a
interacção com as crianças na utilização destes materiais é também uma boa
opção. Com as mais pequenas porque possibilita ajuda e orientação no uso e com
as mais velhas a interacção funciona como forma de supervisão e alerta para “os
alçapões” da “net”.
Esta interacção com as crianças é
também importante como forma de promover a sua auto-regulação e autonomia nas
viagens virtuais. Estão informadas dos riscos, estão informadas sobre a
adequação de conteúdos e quando os filtros dos próprios programas não funcionam
as crianças decidirão sobre o que acedem ou não acedem, sobretudo quando estão
sós. E como como sabemos, muitas crianças estão sós, mesmo quanto têm adultos
por perto.
Sei que não é fácil este caminho
mas creio que é importante o esforço de o percorrer.
Boas viagens pela “net” … para
pais e filhos.
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