quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

OS "ALÇAPÕES DA NET". DE NOVO

Na imprensa dos últimos dias encontravam-se duas peças que merecem leitura e reflexão sobre um universo que tenho designado por “alçapões da net”. No Público podia ler-se “Quando for grande quero ser youtuber “ e no Observador “Os mitos educativos que estão a deixar as crianças viciadas em tecnologia”. Algumas notas repescadas de um texto que produzi para a Visão.
A presença das tecnologias de informação e de utilização lúdica no nosso quotidiano é cada vez mais pesada e cada vez mais as sentimos como imprescindíveis.
Em muitas famílias as crianças desde muito cedo as crianças têm acesso a este tipo de equipamentos e conteúdos e são reconhecidos os riscos que a sua sobre utilização implica como as peças sublinham.
Apesar de termos contextos familiares em que estes dispositivos são utilizados como serviço de “babysitting”, ou seja, as crianças estão “entretidas” com um qualquer ecrã durante demasiado tempo para “descanso” da família, a experiência mostra-me que muitos pais se preocupam com os comportamentos e atitudes que devem adoptar.
Os estilos de vida e as particularidades de cada situação não permitem elaborar “receitas” com as quais em matéria de educação escolar ou familiar não simpatizo muito. No entanto, creio que poderemos considerar alguns pontos que nos podem ajudar nesta matéria entendidos como orientações.
Não me parece boa ideia “diabolizar” as novas tecnologias, fazem parte do nosso quotidiano e são excelentes ferramentas de acesso a conhecimento e a entretenimento, quer em contexto familiar, quer em contexto escolar. Aliás, já nem me parece que justifiquem o "novas". Assim sendo, afastá-las das crianças e jovens não parece o mais ajustado.
Nesta perspectiva, exceptuando crianças muito pequenas e por razões óbvias, a proibição não parece uma boa abordagem. A definição de regras, tempo, atenção aos conteúdos e circunstâncias de utilização e supervisão relativamente aos conteúdos será uma atitude bem mais ajustada. Não é, evidentemente, uma tarefa fácil mas parece-me imprescindível que sejamos firmes e consistentes nesse sentido, os riscos são elevados e o bem-estar presente e futuro das crianças merece e justifica o esforço.
Conversar com outros pais, educadores/professores ou técnicos sobre estas questões parece também uma boa iniciativa. Verificamos que não somos os únicos a lidar com dificuldades ou inquietações o que pode minimizar alguma insegurança ou receio e podemos partilhar informações e formas de actuar que podem ser úteis apesar das diferenças de cada situação.
Finalmente, creio que a interacção com as crianças na utilização destes materiais é também uma boa opção. Com as mais pequenas porque possibilita ajuda e orientação no uso e com as mais velhas a interacção funciona como forma de supervisão e alerta para “os alçapões” da “net”.
Esta interacção com as crianças é também importante como forma de promover a sua auto-regulação e autonomia nas viagens virtuais. Estão informadas dos riscos, estão informadas sobre a adequação de conteúdos e quando os filtros dos próprios programas não funcionam as crianças decidirão sobre o que acedem ou não acedem, sobretudo quando estão sós. E como como sabemos, muitas crianças estão sós, mesmo quanto têm adultos por perto.
Sei que não é fácil este caminho mas creio que é importante o esforço de o percorrer.
Boas viagens pela “net” … para pais e filhos.

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