A audição de ontem na comissão
parlamentar de Educação e Ciência a Secretária de Estado Adjunta e da Educação
anunciou que no próximo ano lectivo se verificará um reforço de verbas para a um
reforço de verbas da Acção Social Escolar contemplando reforço da oferta das
refeições escolares nos períodos de interrupção lectiva, voltando a apoiar as
visitas de estudo em anos ao abrigo da Acção social Escolar e criando um 3.º
escalão de abono no apoio à aquisição dos manuais escolares.
O aumento de apoios desta
natureza é importante, ontem foram divulgados dados que evidenciam que apesar
de alguma recuperação a situação de pobreza e risco de pobreza atingem ainda
cerca de 25% da população portuguesa e sabe-se que as crianças, tal como os
velhos, constituem o grupo mais vulnerável.
Há poucos dias o estudo da
Direcção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, “Resultados escolares por
disciplina - 2º ciclo - ensino público" sublinhou a de há muito
reconhecida relação entre o desempenho escolar e o contexto socioeconómico
familiar, no 5º ano 44% dos alunos no escalão máximo de acção social escolar
tiveram negativa a Matemática, 28% dos alunos no segundo escalão e 16% não
envolvidos em dispositivos de apoio.
A verdade é que o impacto das
circunstâncias de vida no bem-estar das crianças e em aspectos mais
particulares no rendimento escolar e comportamento é por demais conhecido e
essas circunstâncias constituem, aliás, um dos mais potentes preditores de
insucesso e abandono quando são particularmente negativas, como é o caso de
carências significativas ao nível das necessidades básicas.
Um Relatório de 2013, "Food
for Thought", da organização Save the Children, afirmava que 25% das
crianças terão o seu desempenho escolar em risco devido à malnutrição com as
óbvias e pesadas consequências em termos de qualificação e qualidade de vida de
que a educação é uma ferramenta essencial.
Por isso gosto tanto da história
que conto tantas vezes e uma das maiores lições que já recebi, acontecida há
uns anos em Inhambane, Moçambique. Ao passar por uma escola para gaiatos
pequenos o Velho Bata, um homem velho e sem cursos, meu anjo da guarda durante
a estadia por lá, disse-me que se mandasse traria um camião de batata-doce para
aquela escola. Perante a minha estranheza, explicou que aqueles miúdos teriam
de comer até se rir, “só aprende quem se ri”, rematou o Velho Bata.
Pois é Velho, miúdos com fome não
prendem e vão continuar pobres.
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