terça-feira, 2 de maio de 2017

O TEMPO DAS PROVAS DE AFERIÇÃO

Inicia-se hoje e estende-se por algum tempo o período de realização das provas de aferição
Quem acompanha este espaço e o que vou dizendo e escrevendo por aí sabe que me pareceu positiva a não realização de exames finais com peso na nota sobretudo para os alunos do 1º ciclo. Apenas reafirmar pela enésima vez que o problema do exame no 1º ciclo e a sua bondade não tem rigorosamente a ver com ansiedade ou stresse eventualmente causado nas crianças, argumento sem qualquer sentido. Os alunos lidam muito bem com situações de avaliação, os discursos e comportamentos dos adultos é que poderão ser geradores de inquietação. 
Saberá também que a realização das provas de aferição podem cumprir um papel essencial de regulação do próximo sistema educativo pelo que saudei o seu regresso.
Saberá que também me pareceu positivo que a avaliação externa envolvesse as áreas das Expressões Físico-motora e Artísticas e a inttegração de saberes por razões que não vou retomar agora.
Saberá ainda que continuo pouco convencido das vantagens da sua realização a meio do ciclo. Se o objectivo definido é a detecção de dificuldades e correcção de trajectórias trata-se de “avaliação diagnóstica” e não de “aferir” saberes ou competências o que deveria ser realizado no final de um ciclo de aprendizagens.
Saberá finalmente que com muita regularidade defendo que os processos de mudança devem ser cautelosos, com calendários e metodologias oportunos e adequados, com a participação o mais alargada possível dos diferentes actores e com antecipação das implicações e necessidades criadas pelo próprio processo de mudança.
O processo de reintrodução das provas de aferição tem conhecido algumas vicissitudes que do meu ponto de vista não deveriam ter acontecido. Corre-se assim o risco de transformar algo de positivo num problema.
Eu sei que não é fácil prever tudo mas existem situações em que as falhas devem ser mínimas. No entanto, os sobressaltos e hesitações podem criar um efeito e uma representação negativa sobre a mudança, alimentam as opiniões críticas face a essa mudança, designadamente entre os órfãos da examocracia, colocam dificuldades dispensáveis aos alunos e escolas e finalmente, comprometem-se os próprios resultados fragilizando o entendimento sobre as provas de aferição.
Depressa e bem não há quem costuma dizer o povo mas a verdade é que não basta fazer as coisas certas, é preciso fazer certas as coisas.
Ainda assim e finalizado o processo espero que que o sistema educativo, ME, escolas, direcções e professores possam usar da forma mais útil possível os resultados atingidos e desejo, naturalmente, que mostrem o bom trabalho de alunos e professores.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não acredito na "bondade" destes senhores. Acredito piamente que alguém se vai governar num festival de formações (sempre em cima dos mesmos) e transformações, aguardemos.

Zé Morgado disse...

Vamos ver. Não começou particularmente bem.