Pode parecer estranha a
formulação mas uma das questões que me inquieta no que respeita à vida dos mais
novos é a situação de miúdos e adolescentes que vivendo em situações de
aparente conforto e bem-estar acabam por se transformar em mendigos.
Existem muitas crianças e
adolescentes que têm imensos brinquedos, diria demais, e não têm com quem
brincar. Pedem, por isso, companheiros de brincadeira.
Existem crianças e adolescentes
com muitos brinquedos e com pouco tempo para brincar. Pedem, por isso, tempo
para brincar
Existem crianças e adolescentes
cheios de ferramentas de comunicação mas com poucas pessoas com quem,
verdadeiramente, comuniquem. Pedem, por isso, gente com quem falar, mesmo.
Existem muitas crianças e jovens
com pais sem tempo para ser pais. Pedem, por isso, um tempinho para eles. Não
tem que ser muito, só tem que ser para eles.
Existem muitas crianças e jovens
que se sentem mal, a aprender e a ser. Pedem, por isso, atenção. Pedir atenção
não é o problema, é o sintoma.
Existem muitas crianças e
adolescentes que inventam personagens nas quais se escondem. Pedem, por isso,
ajuda para os medos que os inquietam.
Existem muitas crianças e
adolescentes que são tratados como gente adulta. Pedem, por isso, que as
pessoas não se esqueçam de que são miúdos e jovens.
A verdade é que, de facto, há
mais gente a mendigar do que pensamos. Acontece que, tal como os mendigos que nos pedem uma moeda, também estes por vezes são transparentes, nem damos por eles.
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