Na apresentação do relatório de avaliação da actividade das Comissões de Protecção de Crianças e
Jovens relativo a 2016 o Governo informou estar em preparação uma proposta que visa a
atribuição de apoios a famílias que aceitem acolher temporariamente crianças em
situação de risco enquanto se define a situação da família de origem.
A prioridade será atribuída a
casos que envolvam crianças mais pequenas, até aos seis anos e tem como
objectivo minimizar a institucionalização.
Parece-me um passo positivo.
De facto e como muitas vezes aqui
tenho referido, apesar da evolução que se tem constatado, continuamos com uma
elevada quantidade de crianças institucionalizadas, muitas das quais sem
projectos de vida viáveis pese o empenho dos técnicos e instituições. É também
reconhecido que os processos de adopção ainda são morosos e que muitas crianças
não reúnem condições que lhes facilitem a adopção.
Seria desejável que se
conseguisse até ao limite promover a desinstitucionalização das crianças por
múltiplas e bem diversificadas razões e minimizar até ao limite a sua
institucionalização.
Recordo um estudo da Universidade
do Minho mostrando que as crianças institucionalizadas revelam, sem surpresa,
mais dificuldade em estabelecer laços afectivos sólidos com os seus cuidadores
nas instituições. Esta dificuldade pode implicar alguns riscos no
desenvolvimento dos miúdos e no seu comportamento.
A conclusão não questiona,
evidentemente, a competência dos técnicos cuidadores das instituições, mas as
próprias condições de vida institucional e aponta no sentido da adopção ou
outros dispositivos como forma de minimizar estes riscos e facilitar os
importantes processos de vinculação afectiva dos miúdos. Neste contexto
acentua-se a importância da promoção da existência de mais famílias de
acolhimento que respondam às situações que não são para adopção e promover
processos de adopção mais ágeis. Existem contextos familiares que podem
reverter situações negativas que justificam a retirada dos menores durante algum
tempo e com apoio reconstruir uma relação familiar bem-sucedida.
Uma família que de facto o seja é
um bem de primeira necessidade na vida de uma criança.
Termino com uma afirmação de um
autor muito conhecido na área da educação e do desenvolvimento, Bronfenbrenner,
"Para que se desenvolvam bem, todas as crianças precisam que alguém esteja
louco por elas".
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