O episódio relativo às duas
alunas da escola de Vagos que se terão beijado no recinto da escola e em
consequência foram repreendidas gerou uma enorme discussão, queixas,
exigências, pedidos de esclarecimento e de investigação, etc. das mais variadas
entidades.
Com o que vem na imprensa apenas fiquei
com dúvidas. Vejamos.
A escola também repreende quando
um aluno e uma aluna, um professor e uma professora, um ... e uma ... trocam beijos?
E estamos a falar de que beijos e de que alunas?
Quem e com que critério se decide
o que é um beijo tolerável e um beijo intolerável pois admito que existem
beijos que as mentes incomodadas tolerarão? Ou não?
No recinto da escola são
aceitáveis todas as manifestações de afecto? Se não, qual o código de conduta
na matéria, quais os limites? Dependem do comportamento? Dependem dos
intervenientes? Dependem do espaço, (recreio, sala de aula, casa de banho,
biblioteca, refeitório, etc.)? Dependem da avaliação de quem julga sendo,
portanto, arbitrários?
Os pais e as suas associações têm
algum entendimento conhecido do que devem ser os comportamentos dos seus filhos
nesta área e qual a latitude que devem assumir dentro da escola ou tudo pode
ser feito não importa onde.
Esta questão não é nova. Recordo que
em 2016 o Colégio Militar na sequência de umas declarações de um seu responsável
sobre homossexualidade e também por causa da admissão de raparigas instituiu um
“Regulamento Interno-Guia do Aluno do Colégio Militar” em que se considera uma
infracção disciplinar “muito grave” “a manifestação de afectos que possam
comprometer os princípios inerentes a um ambiente pedagógico saudável”, estando
na mesma categoria do roubo ou da posse ou consumo de droga.
O Público fez na altura um
trabalho sobre isto ao qual dei uma pequena colaboração de que retomo umas notas
finais.
Homofobia é inaceitável, é
atentatória dos direitos e do bem-estar das pessoas. Ponto.
Nem todos os comportamentos são
adequados a todos os contextos embora manifestações de afecto possam caber em
todos os contextos. Ponto
Educação é também construir
pessoas auto-reguladas e autodeterminadas capazes de decidirem autonomamente o
seu comportamento e os limites a observar. Ponto,
Muito do que oiço e leio por
estes dias é “ruído” e pouco potente no sentido da mudança. Ponto.
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