Aqui está uma espécie de ovo de
Colombo, levando à letra a conhecida expressão "visita de médico"
haveria médicos para todos e urgências sem grande tempo de espera. Com um pouco
mais de ambição, porque não um máximo de 5 minutos por consulta?
A ideia nem sequer é nova. Em
2014 o Tribunal de Contas(?) numa auditoria ao SNS produzia uma
"orientação" no sentido das consultas médicas durarem um máximo de 15
minutos. Estamos a fazer progressos.
Oxalá Nuno Crato não se lembre de
diminuir mais as horas de aulas para precisar de menos professores que se
juntariam aos 30 000 que saíram nos últimos três anos.
Parece razoavelmente claro que
para realização de uma consulta médica, não apenas o preenchimento de
receituários ou da requisição de exames complementares, 10 minutos são
insuficientes para um trabalho de qualidade.
Como é sabido, muitas das pessoas
que recorrem às consultas, mesmo nas urgência, são idosas que frequentemente sofrem de
“sozinhismo”,a doença de quem vive só, que se minimiza no convívio com outros
sós na sala de espera e na atenção de um médico que escuta, por vezes, mais a
dor da alma que as dores do corpo, mesmo que pareça uma "simples"
gripe que, aliás, de tão simples que é, nem se percebe as consequências graves
que, frequentemente, tem.
Já estive envolvido em circunstâncias,
pessoais ou acompanhando familiares, em que o médico claramente estava
pressionado pelo tempo que (não) podia dedicar, a atitude que (não) podia
demonstrar, a comunicação que (não) podia estabelecer. As muitas pessoas com
horas de espera na sala inibem-no na disponibilidade e tempo necessário a uma
consulta que, de facto, o seja, e não um acto administrativo realizado sob
pressão da "produtividade".
Ainda assim, nada que se estranhe
num tempo em que os números se sobrepõem às pessoas.
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