quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A GENIALIDADE DAS POLÍTICAS DE SAÚDE

Geniais, é o mínimo que se podem considerar algumas dimensões das políticas de saúde. Senão vejamos.
Extinguem-se mais de 700 camas no SNS, situação em parte compensada com o aumento significativo de camas no sistema privado. Realiza-se um corte brutal em sucessivos orçamentos do Ministério da Saúde.
A custo zero, convida-se discretamente, até foi no Inverno para passar mais despercebido, uma onda de frio que terá contribuído para que mais cerca de 2000 pessoas do que o previsto falecessem. Como é natural, as pessoas falecidas são predominantemente idosas com quadros clínicos com diferentes patologias e, portanto, mais dispendiosos. Assim, numa espécie de três em um, absolutamente visionário, poupa-se nos custos do SNS, poupa-se no orçamento da Segurança Social, são menos umas pensões ou reformas e reforça-se o mercado funerário. É verdade que algumas pessoas faleceram no local errado, a sala de espera das urgências, mas num plano de tal dimensão é difícil que não falhe algum pormenor.
Por outro lado, como é amplamente conhecido e sentido, as urgências hospitalares públicas entram em colapso o que, só por si, faz aumentar a procura no privado, eu fui testemunha de situações desta natureza.
No entanto, com surpresa, até dos próprios representantes de Unidades Hospitalares privadas, o Ministério da Saúde anuncia que cidadãos com dificuldades nas urgências públicas poderão, eventualmente, a aceder a serviços de urgência em unidades privadas.
Esta medida ajuda a recompensar as unidades privadas dos seus investimentos num apoio importante ao desenvolvimento do mercado.
É difícil ficar indiferente à genialidade e visão desta política. Não acredito que apenas Paulo Macedo tenha sido o autor. Terá certamente o dedo de génio, o toque de Midas de Paulo Portas que em tudo o que toca ... é mágico.

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