Uma vez, numa terra, uma nódoa
caiu num pano. O pano era dos bons pois, como sabem, é no melhor pano que cai a
nódoa. Só que a nódoa também era das boas e rapidamente se percebeu que era
resistente, veio para ficar.
Dos muitos e diversificados
produtos e procedimentos que foram utilizados, nada removeu a nódoa, continuou
viva, brilhante e desafiadora. As pessoas começaram a ficar verdadeiramente
curiosas com aquela nódoa.
Os cientistas realizaram aturadas
investigações, sempre infrutíferas, nada conseguia eliminar a nódoa que,
entretanto, se multiplicava.
Os criativos, na ideia de que “se
não podes vencê-los, junta-te a eles”, viram uma janela de oportunidade e
começaram a produzir peças e materiais com nódoas, ou seja, a nódoa virou moda.
Como não podia deixar de ser, os
mais abastados tinham mais nódoas, os mais pequenos começaram desde cedo a
pedir nódoas aos pais e começaram os primeiros roubos de nódoas.
A classe política, como de
costume, rapidamente se apropriou da nódoa, isto é, reclamou para si a ideia e
origem da nódoa, bem como dos destinos da nódoa. Em cada período de eleições
todos prometiam mais e melhores nódoas.
Com o tempo, as nódoas foram-se
dispersando e chegando a cada vez mais gente e cada vez mais terras, até se
desenvolveram alguns conflitos por causa das nódoas.
Assim se criou o mundo cheio de
nódoas que actualmente conhecemos.
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