"Mulher assassinada em Setúbal"
O mundo da violência doméstica é
bem mais denso e grave do que a realidade que conhecemos, ou seja, aquilo que
se conhece, apesar de, recorrentemente, temos notícias de casos extremos, hoje
foi conhecido mais um, é "apenas" a parte que fica visível de um
mundo escuro que esconde muitas mais situações.
Por outro lado, para além da
gravidade e frequência com que continuam a acontecer episódios gravíssimos de
violência doméstica é ainda inquietante o facto de que alguns realizados em
Portugal evidenciam um elevado índice de violência presente nas relações
amorosas entre gente mais nova mesmo quando mais qualificada. Muitos dos
intervenientes remetem para um perturbador entendimento de normalidade o
recurso a comportamentos que claramente configuram agressividade e abuso ou
mesmo violência.
Importa ainda combater de forma
mais eficaz o sentimento de impunidade instalado, as condenações são bastante
menos que os casos reportados e comprovados, bem como alguma “resignação” ou
“tolerância” das vítimas face à situação de dependência que sentem
relativamente ao parceiro, à percepção de eventual vazio de alternativas à
separação ou a uma falsa ideia de protecção dos filhos que as mantém
num espaço de tortura e sofrimento.
Nesta perspectiva, torna-se
fundamental a existência de dispositivos de avaliação de risco e de apoio como
instituições de acolhimento acessíveis para casos mais graves e, naturalmente,
um sistema de justiça eficaz e célere.
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