Era uma vez um homem, ninguém
sabia o seu verdadeiro nome, chamavam-lhe o Iluminado. Em todas as
circunstâncias, fosse qual fosse o assunto em discussão, tinha a presunção de
que a sua opinião era A opinião, o seu saber, era o Saber, a sua forma de
entender a vida era a única e a mais correcta forma de a entender.
As pessoas tinham uma relação
ambígua com o Iluminado. Muitas, como sempre existem, achavam-no um génio, tão
sabedor, tão conhecedor, tão capaz de pensar sobre tudo e mais alguma coisa e
tão assertivo na maneira como defendia os seus pontos de vista.
Por outro lado, algumas pessoas
achavam-no insuportavelmente convencido, arrogante e sobre muitas coisas
ignorante embora procurasse que o seu discurso parecesse sempre informado.
Como o primeiro grupo era
bastante mais numeroso, o Iluminado foi-se tornando progressivamente mais
conhecido até que muita gente fazia questão de o ouvir sobre qualquer assunto.
Falava em todas televisões,
escrevia em todos os jornais e muitas vezes, as pessoas já defendiam ideias
apenas com o argumento, “foi o Iluminado que disse”.
A sua presença começou a ser tão
constante e tão intensa que, a pouco e pouco, todos se convenceram que o
Iluminado era imprescindível para se pensar sobre a vida.
Apenas um grupo não ligava nem um bocadinho ao Iluminado, os miúdos. Eles sabem que ninguém sabe tudo e ainda não acreditam em Iluminados.
Apenas um grupo não ligava nem um bocadinho ao Iluminado, os miúdos. Eles sabem que ninguém sabe tudo e ainda não acreditam em Iluminados.
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