Resultados agora divulgados do
projecto europeu EPHE (EPODE for the Promotion of Health Equity), direccionado
para analisar o impacto de acções de promoção de hábitos alimentares saudáveis
e de actividade física na redução das desigualdades em crianças dos seis aos
nove anos mostram que as crianças portuguesas são as que comem mais fruta
considerando os sete países envolvidos no estudo.
As crianças portuguesas consomem
fruta pelo menos uma vez por dia embora, sem surpresa, se verifiquem diferenças
significativas quando se considera o estatuto sócio-económico dos pais. O
estudo regista, por outro lado, baixo consumo de hortícolas e excesso de tempo
passado em frente aos ecrãs.
Muitas vezes aqui tenho referido
esta questão, os hábitos alimentares dos mais novos. Dada a sua relevância de
novo umas notas.
De acordo com um estudo do
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, aos 4 anos mais de 90% das
crianças ultrapassa já “os valores toleráveis de sal” para a sua idade. Tal
situação é preocupante e requer urgente atenção.
Neste universo, o bem estar dos
miúdos e os seus hábitos alimentares, recordo que segundo um estudo publicado
na Lancet, creio que de 2013, em Portugal 28,7% dos rapazes, 27,1% das
raparigas, 63,8% dos homens e 54,6% das mulheres evidenciam excesso de peso,
enquanto a obesidade afecta 8,9% dos rapazes, 10,6% das raparigas, 20,9% dos
homens e 23,4% das mulheres. Estes indicadores vão na linha dos que a OMS
divulgou há algum tempo, sobretudo no que respeita à população mais nova.
Na Europa, mais de 27% das
crianças com 13 anos e 33% com 11 têm excesso de peso. Portugal é um dos países
com indicadores mais inquietantes, 32% das crianças com 11 anos têm peso a
mais.
Nada de novo, recordo um estudo,
“EPACI Portugal 2012 – Estudo do Padrão Alimentar e de Crescimento na
Infância”, segundo o qual, 31.4% das crianças portuguesas entre os 12 e os 36
meses apresentam excesso de peso e 6.5% situações de obesidade. Os dados são
preocupantes mas não surpreendem indo no mesmo sentido de dados envolvendo
outras idades.
A Direcção-Geral de Saúde tem
vindo a recomendar às escolas que alimentos hipercalóricos, como doces ou
bolos, não sejam expostos, devendo ficar visíveis aos olhos dos alunos os
alimentos considerados mais saudáveis em como estão em curso medidas no sentido
de baixar a publicidade a alimentos e bebidas com maior carga calórica.
Recordo ainda um estudo divulgado
há meses da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, encontrou 17% de
rapazes e 26% de raparigas de quatro anos, sublinho, quatro anos, com excesso
de peso e obesidade e níveis de colesterol elevados, um cenário verdadeiramente
preocupante e de graves consequências futuras.
Creio ainda de sublinhar que estudos
realizados em Portugal mostram que a obesidade infantil é já um problema de
saúde pública, implicando, por exemplo, o disparar de casos de diabete tipo II
em crianças.
Apesar de parecer uma birra ou
teimosia acho sempre importante sublinhar a importância que deve merecer a
questão dos hábitos alimentares e o combate ao sedentarismo , sobretudo nos
mais novos.
As consequências potenciais deste
quadro em termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em
termos individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido, um
problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de
programas de prevenção, educação e remediação que o combatam. Provavelmente,
teremos algumas reacções contra o chamado “fundamentalismo nos hábitos
individuais” mas creio que são também de ponderar as implicações colectivas e
sociais do problema.
No entanto, como sabemos, o
excesso de peso e os riscos associados não serão, para a esmagadora maioria das
miúdos e graúdos nessa situação, uma escolha individual, é algo de que não
gostam e sofrem, de diferentes formas, com isso.
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