quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A VIDEOVIGILÂNCIA E A PROFE-VIGILÂNCIA

Era uma questão de tempo, também nas escolas. Os dias que vivemos com consequências nos níveis de delinquência e outro tipo de ameaças sociais como o terrorismo, mais do que os factos e os números efectivamente verificados, instalam um sentimento de insegurança difícil de gerir e aproveitado de várias maneiras, às vezes de forma perigosa, pelos discursos políticos.
Este sentimento de insegurança e as ameaças reais, têm vindo de há muitos anos a legitimar a instalação de dispositivos de videovigilância que começando por funcionar em equipamentos bem específicos se têm alargado, chegando a diferentes instalações sociais, às ruas, e agora, finalmente às escolas.
No início do próximo ano lectivo, 700 escolas estarão equipadas, até Dezembro atingir-se-ão as 1000 e médio prazo estará coberta a rede de escolas de 2º, 3º ciclos e ensino secundário. Ficamos a aguardar para quando a extensão ao 1º ciclo e aos jardins-de-infância. Por decisão da Comissão Nacional de Protecção de Dados os recreios e salas de aula ficarão fora do alcance das câmaras que estarão direccionadas para os acessos e o perímetro exterior. A decisão parece de bom senso e respeitadora da privacidade de todos os utilizadores dos espaços escolares.
A grande questão é que os problemas mais significativos sentidos nas escolas, indisciplina, violência, delinquência, bullying, etc. ocorrem, obviamente, sobretudo nas salas de aula e nos recreios. Deixando de lado, de momento, o interior da sala de aula parece-me fundamental que se dê atenção educativa aos tempos e espaços de recreio escolar.
Em muitas escolas a insuficiência de pessoal auxiliar, agora baptizados “assistentes operacionais” não permite a ajustada supervisão desses espaços. Por outro lado, a sua formação em matérias como supervisão educativa e mediação de conflitos, por exemplo, e, ou, o entendimento que têm das suas competências, muitas não valorizadas pela própria comunidade, leva a alguma negligência ou receio de intervenção.
Talvez não seja muito popular mas digo de há muito que os recreios escolares são dos mais importantes espaços educativos, aliás, muitas das nossas memórias da escola, boas e más, passam pelos recreios. Neste sentido, defendo que a supervisão dos intervalos deveria ser da responsabilidade de docentes. A reestrutura da enorme carga burocrática do trabalhos dos professores, dos modelos de organização e funcionamento das escolas, por exemplo, poderiam libertar horas de docentes para esta supervisão que me parece desejável.
A boa e atenta “profe-vigilância” é mais eficaz que um invisível “big brother”.

3 comentários:

Anónimo disse...

Um professor não é um guarda vigilante. A sua formação não é essa e acho que não devemos confundir as coisas. Mas concordo que é nas salas de aula e nos recreios que acontecem os casos de violencia. Acho sim que essas camaras seriam bem usadas se enquadrassem esses locais, para que fosse possível responsabilizar os alunos e professores pelos seus actos. Como se diz:"quem não deve não teme" e esta podia ser uma boa medida de segurança.A nossa privacidade já se foi há mt tempo, não é esse o nosso maior problema

vivaverde.blogs.sapo.pt

Dulce Bregas disse...

Olá,na escola da minha filha já há videovigilância há um ano e tal.Está claro que os alunos não acharam muita piada,e eu só não gostei de não ter sido informada.Mas concordo,e até diminuiu muito as escapadelas dos maiores para a rua,as armas brancas ,etc
E esta escola é uma excelente escola,com extrema segurança...mas é também grande.Escola das Naus em Lagos,já tem câmaras por todo lado.
Acho que se houvessem mais pelo nosso País muita injustiça seria evitada.Beijinhos.

Zé Morgado disse...

Cara Lígia,
Parece óbvio que um professor não é um guarda vigilante. O que eu coloquei é o entendimento, pode discordar, é normal, de que os recreios são espaços educativos na escola e como tal devem ter a supervisão de quem tem formação em educação. Ainda no que respeita à formação de professores, talvez também não concorde, mas creio que para muitos dos problemas com que os professores se confrontam em sala de aula, a formação que alguns possuem é manifestamente insuficiente, não que seja da sua responsabilidade, mas existem muitas fragilidades na formação inicial e contínua de docentes.

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