terça-feira, 17 de agosto de 2010

A ESTRADA

Ontem acrescentei um marco à estrada que tenho vindo a percorrer. Já vão muitos mas estou, confio, ainda longe de os plantar todos.
Tem sido uma estrada, quase sempre, boa de fazer, felizmente. Umas vezes mais sinuosa e com umas subidas empinadas que puxam pelas pernas, outras vezes mais planas e com andamento tranquilo e até apareceram pedaços de chão pela frente em que foi preciso correr. Encontrei muita coisa pelo caminho, coisa mais bonitas e coisas menos bonitas, mesmo muito feias, umas poucas.
A estrada tem-me levado a muitas paragens, algumas nem sequer sonhadas nos tempos em que ainda me estava a fazer ao caminho. Nessa altura nem os sonhos passavam por tão longe.
Em algumas situações os tropeços do andar doeram, não se esquecem mas aquietam-se, de mansinho. Às vezes, só às vezes, o tempo ajuda. Também muita coisa aconteceu que me deixa satisfeito por a estrada ter passado por ali, por aqui, foi, é, bom. Tudo isto faz com que carregue uma mochila cheia, ainda maior que a dos miúdos pequenos quando vão para a escola. Vai cheia de memórias, das boas, das que a tornam leve e nos fazem parar de vez em quando, a uma sombra no verão, ao pé do calor no inverno, para as revisitar e também das outras, das más, das que a tornam mais pesada e das quais nos queremos libertar. Não conseguimos. Quase nunca.
Cruzei-me com muita gente que me ajudou, e ajuda, a andar o caminho, nunca só, ainda bem. Vi também gente má, gente que não gosta de gente, pois se gostasse não tratariam a gente assim.
E como diria o velho Ti Matosa, uns bocados a pé, outros a andar, vou continuar a cumprir a estrada, com a atenta inquietude que aqui me trouxe e comigo caminhará. Espero.

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