O Procurador-geral, Pinto Monteiro, é uma homem admiravelmente eficaz no discurso. Sempre que intervém cria confusão, não falha. Não percebo se é intencional, para enviar recados que de outra forma não é capaz ou não quer, se é apenas ingenuidade e falta de jeito o que para mim que não sou muito ingénuo não me parece uma boa hipótese explicativa ou se, finalmente, é mesmo por incompetência ou perfil desadequado para o cargo.
Hoje no DN, considera-se uma "Rainha de Inglaterra" e afirma que nunca leu um despacho como o dos procuradores que investigaram o caso Freeport.
Um dos mais sérios problemas da justiça em Portugal, tal como de outras áreas, a educação é um bom exemplo, é o facto de que as análises, discursos, opiniões, etc. sobre este universo derivam fundamentalmente da agenda político-partidária e dos interesses de quem as produz. Na prática, isto significa que não se discute a essência da política de justiça, mas a gestão táctica dos interesses corporativos e partidários envolvidos.
Para o cidadão comum ouvir o Procurador-geral afirmar que se sente uma espécie de Rainha de Inglaterra na área que tutela há vários anos e afirmar a sua perplexidade perante um despacho de dois procuradores é, no mínimo, delirante.
O problema sério é que a situação é mesmo assim, os interesses corporativos e partidários estão em roda livre, contaminam legislação, investigações, processos, despachos, decisões judiciais, etc.
A forma mais séria que o Procurador-geral teria de se referir a estas questões seria bater com a porta.
Mas para isso falta algo que é um bem de primeira necessidade e que escasseia entre a classe política portuguesa, sentido ético e dignidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário