Desde miúdo que um dos retratos sempre relembrados das minhas praias de toda a vida, as da Costa, é o "banho das velhotas" que, aliás, era motivo de gozo quando éramos gaiatos. A ver se vos consigo descrever o "banho das velhotas". Imaginem duas senhoras de alguma idade à beirinha do mar com água não acima do joelho. As "velhotas" de saias seguras à cintura ou, as mais ousadas, com fatos de banho inteiros e muito discretos, colocam-se de frente uma para a outra, dão as mãos e quando vem cada onda, melhor, cada ondinha na fase final da rebentação a chegar à praia, baixam-se sincronizadamente, deixando que a água lhes molhe, digamos que a parte de baixo da cintura, não mais.
Cada movimento desta coreografia é acompanhado de risos e mesmo algum grito que testemunha a frieza da água.
Provavelmente ando mais distraído ou então os costumes mudaram, não me tenho cruzado com este retrato.
No entanto, hoje na deambulação matinal lá estava, para matar saudades.
A cena de sempre do "banho das velhotas", aqueles movimentos de personagem de um Teatro de Marionetas a subir e baixar de mãos dadas, a banda sonora do riso nervoso e do gritinho e, sobretudo, um invejável ar de gozo, isso mesmo, um invejável ar de gozo.
A água até nem estava assim muito fria.
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