quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O JOGO DAS MENTIRAS

Uma tarde destas, já nas férias, num dos poucos dias em que não tinham actividades de férias, o Manel e o primo, o João, aproveitavam para brincar que é uma coisa interessante para fazer nas férias quando dão tempo para isso aos miúdos. Estavam na casa do João e para variar do que tinham estado a fazer, o Manel, que gosta de ter ideias, lembrou-se de inventar um jogo. Cada um contava uma história pequena e o outro tinha que descobrir se era uma mentira ou uma história verdadeira.
Com a experiência e a imaginação dos oito anos o jogo foi ganhando animação e o Manel e o João esmeravam-se na criação dificultando o trabalho do outro, tornando extremamente equilibrado o resultado do jogo.
A certa altura entrou no cenário o Pai do João que, perante a animação e a estranheza da tarefa, quis perceber de que actividade se tratava.
Entusiasmados os miúdos explicaram e como é habitual nestas alturas o Pai quis entrar no jogo. Quase em coro o Manel e o João recusaram liminarmente pelo que o Pai lhes pediu uma explicação para a recusa.
O Manel, com um ar sério, disse que os adultos estão muito mais habituados a inventar mentiras que parecem verdades do que os miúdos. Assim o jogo não era equilibrado, não era justo.
O Pai do João ficou com a ideia de que tinha acabado de ouvir algo que não era propriamente um elogio.

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