Como cidadão que procura estar minimamente atento, tenho procurado assistir ao que chamam de debates entre os líderes partidários. De vez em quando lá se verifica algum debate, mas a maioria do tempo gasta-se em monólogos com que cada um dos intervenientes pensa convencer o potencial eleitor da bondade do seu produto.
Quando começam sento-me no meu sofá e o meu Faísca deita-se aos meus pés. Já vos falei do meu Faísca, um pequeno rafeiro puro, que não fora a provecta idade de 16 anos, ainda teria tentado encetar uma carreira diplomática na Casa Branca onde acabou por ser substituído por um vulgar cão de água.
Pois quando os debates decorrem e vem um que usa a maior das demagogias e vem outro que fala de um país em que seguramente não vive, começo a incomodar-me. Depois aparece ainda alguém que fala dos eleitores e para os leitores como se estes fossem néscios, ou alguém que defende valores que tresandam a bafio, remexo-me no sofá mais agitado. Por vezes, o meu Faísca, provavelmente, porque a minha agitação o acordou, olha para mim com aquele ar canino, tranquilo, como quem me diz “calma companheiro” e volta a pousar a cabeça no chão continuando o sono.
E os debates sucedem-se e a minha agitação aumenta, falam por meias palavras, prometem o que nunca vão cumprir, porque não podem ou não querem, falam das pessoas desconhecendo, parece, as dificuldades devastadoras que muitos atravessam e eu pergunto-me porque estarei a presenciar este espectáculo. E o meu Faísca continua o seu tranquilo sono apenas eventualmente agitado pelo sonho de um prato com massa e carne.
Quando me levanto e lhe pergunto “Então Faísca, que me dizes desta gente” é que me lembro que o meu Faísca está completamente surdo. Tal como David Lodge, leva “a vida em surdina”. É por isso que ele consegue dormir durante os debates, não se exaspera nem ganha náuseas.
Quando começam sento-me no meu sofá e o meu Faísca deita-se aos meus pés. Já vos falei do meu Faísca, um pequeno rafeiro puro, que não fora a provecta idade de 16 anos, ainda teria tentado encetar uma carreira diplomática na Casa Branca onde acabou por ser substituído por um vulgar cão de água.
Pois quando os debates decorrem e vem um que usa a maior das demagogias e vem outro que fala de um país em que seguramente não vive, começo a incomodar-me. Depois aparece ainda alguém que fala dos eleitores e para os leitores como se estes fossem néscios, ou alguém que defende valores que tresandam a bafio, remexo-me no sofá mais agitado. Por vezes, o meu Faísca, provavelmente, porque a minha agitação o acordou, olha para mim com aquele ar canino, tranquilo, como quem me diz “calma companheiro” e volta a pousar a cabeça no chão continuando o sono.
E os debates sucedem-se e a minha agitação aumenta, falam por meias palavras, prometem o que nunca vão cumprir, porque não podem ou não querem, falam das pessoas desconhecendo, parece, as dificuldades devastadoras que muitos atravessam e eu pergunto-me porque estarei a presenciar este espectáculo. E o meu Faísca continua o seu tranquilo sono apenas eventualmente agitado pelo sonho de um prato com massa e carne.
Quando me levanto e lhe pergunto “Então Faísca, que me dizes desta gente” é que me lembro que o meu Faísca está completamente surdo. Tal como David Lodge, leva “a vida em surdina”. É por isso que ele consegue dormir durante os debates, não se exaspera nem ganha náuseas.
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