domingo, 6 de setembro de 2009

E NÃO ACONTECE NADA

Ao que informa o CM, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal tem em investigação 700 casos de corrupção. É frequente o entendimento de que apesar dos muitos casos em investigação ainda restam muitas outras situações que não são denunciadas e, sobretudo, instalou-se a convicção da impunidade, o que poderíamos chamar o Síndrome Vale e Azevedo. De acordo com a Direcção-geral dos Serviços Prisionais no início do ano cumpriam pena de prisão por corrupção activa e passiva e peculato 28 indivíduos. Este número parece indiciar uma percentagem baixíssima de condenações o que acentua o tal Síndrome Vale Azevedo, o não acontece nada. Além disso e aos olhos da comunidade, esta impunidade tem uma distribuição social assimétrica, ou seja, quanto mais importante menores são as consequências. Nas autarquias e nos aparelhos partidários os exemplos são mais que muitos e bem actuais. Acontece ainda que parece continuar a prevalecer uma forte hipocrisia entre os sucessivos poderes políticos que, por um lado, enunciam a retórica do combate à corrupção, mas por outro lado, não permitem os ajustamentos legais e processuais que efectivamente pudessem contribuir para minimizar os episódios de corrupção. Veja-se a forma como o chamado “pacote Cravinho” foi tratado pelo actual governo.
Seria interessante saber quantos destes 700 casos em investigação acabarão em condenação e quem serão esses condenados. Considerando a saúde da nossa vida cívica a expectativa é baixa.

Sem comentários: