segunda-feira, 21 de setembro de 2009

OUTONO

Hoje começa o Outono. No sábado ao fim da tarde lá no meu Alentejo, depois de colhermos as cebolas, eu e o mestre Zé Marrafa estávamos nas lérias e veio à conversa o tempo, ainda estava quente e não parecia o fim do verão. Como vai sendo hábito, concluímos que o tempo anda estranho, já não é como antigamente, diz-se.
Pois é, hoje começa o Outono e o tempo continua de Verão, quente e ensolarado. Mas reparem bem no clima entre as pessoas neste nosso canto, designadamente entre as pessoas que se batem por nos governarem. Parece que já estamos entre o Outono e o Inverno e tal como os dias, as pessoas ficam mais sombrias, mais pequenas, mais frias. Quando as ouvimos chovem insultos e mediocridade que inundam a nossa paciência. Tropeçamos continuamente com vendavais de discursos e afirmações que não passam disso mesmo, vento, e do que não faz andar os moinhos.
Tenta-se criar um espesso manto de nevoeiro de onde surgirá o salvador da pátria, todos o querem ser, esquecendo que a pátria não é mais do que as pessoas em quem muitas vezes não parecem genuinamente interessados. De quando em quando abatem-se uns aguaceiros de água de pedra, como se diz no meu Alentejo, que deixam marcas na ética e nos valores. Pensando melhor, o mestre Zé Marrafa e eu afinal estamos enganados, este Outono e Inverno prometem ser como os de antigamente.
A minha esperança é que nos Invernos aparecem sempre uns dias de sol que aconchegam as almas. E as noites podem sempre começar, sorte a minha, em frente a um fogo que só de olhar faz bem.

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