Estamos à beira de começar mais um ano lectivo, é o tempo do regresso e das conversas sobre a escola. Em muitas destas conversas sobre a escola e as dificuldades que atravessa, envolvendo alunos, pais e professores, aparecem com alguma frequência alusões ao “antigamente a escola era melhor”, aliás, este tipo de discurso não é só dirigido à escola. Eu sei que a escola, a educação, atravessa tempos muito complicados e problemas sérios, mas só a falta de memória ou o desconhecimento sustentam o “antigamente era melhor”. Vou-vos falar um pouco da escola do meu tempo, conversa de velho, já se vê.
Na escola do meu tempo nem todos lá entravam e muitos dos que conseguiam saíam ao fim de pouco tempo, ficando com a segunda ou terceira classe, como então se chamava. Chegava.
Na escola do meu tempo os rapazes estavam separados das raparigas.
Na escola do meu tempo havia um só livro e toda a gente aprendia apenas o que aquele livro trazia.
Na escola do meu tempo levava-se muitas reguadas, quase sempre por dois motivos, por tudo e por nada.
Na escola do meu tempo, ensinavam-nos a ser pequeninos, acríticos e a não discutir, o que quer que fosse.
Na escola do meu tempo eu era “obrigado” a ter catequese e missa.
Na escola do meu tempo aprendia-se que os homens trabalham fora de casa e as mulheres cuidam do lar e dos filhos, com carinho e desvelo.
Na escola do meu tempo não era grave não aprender, quem não “tinha jeito para a escola, ia para o campo”.
No tempo da minha escola, quem mandava no país achava que muita escola não fazia bem às pessoas, só a algumas.
Na escola do meu tempo não se falava do lado de fora de Portugal. Do Portugal do lado de dentro só se falava do que era cinzento e pequenino. Na escola do meu tempo eu era avisado em casa para não falar de certas coisas na escola, era perigoso. As pessoas até podiam ser presas.
Sim, eu sei, não precisam de me dizer que a escola deste tempo ainda tem muitas coisas parecidas com a escola do meu tempo. Mas o caminho é melhorar a escola deste tempo não é, não pode ser, querer a escola do meu tempo.
Na escola do meu tempo nem todos lá entravam e muitos dos que conseguiam saíam ao fim de pouco tempo, ficando com a segunda ou terceira classe, como então se chamava. Chegava.
Na escola do meu tempo os rapazes estavam separados das raparigas.
Na escola do meu tempo havia um só livro e toda a gente aprendia apenas o que aquele livro trazia.
Na escola do meu tempo levava-se muitas reguadas, quase sempre por dois motivos, por tudo e por nada.
Na escola do meu tempo, ensinavam-nos a ser pequeninos, acríticos e a não discutir, o que quer que fosse.
Na escola do meu tempo eu era “obrigado” a ter catequese e missa.
Na escola do meu tempo aprendia-se que os homens trabalham fora de casa e as mulheres cuidam do lar e dos filhos, com carinho e desvelo.
Na escola do meu tempo não era grave não aprender, quem não “tinha jeito para a escola, ia para o campo”.
No tempo da minha escola, quem mandava no país achava que muita escola não fazia bem às pessoas, só a algumas.
Na escola do meu tempo não se falava do lado de fora de Portugal. Do Portugal do lado de dentro só se falava do que era cinzento e pequenino. Na escola do meu tempo eu era avisado em casa para não falar de certas coisas na escola, era perigoso. As pessoas até podiam ser presas.
Sim, eu sei, não precisam de me dizer que a escola deste tempo ainda tem muitas coisas parecidas com a escola do meu tempo. Mas o caminho é melhorar a escola deste tempo não é, não pode ser, querer a escola do meu tempo.
3 comentários:
Dantes o tempo corria lento, meu.
Abraço
A.C.
Xutos & Pontapés
Precisamos de uma escola que forma pessoas para serem autónomas nas suas várias dimensões humanas. Uma escola que tenha em conta as prioridades do mundo. Mas para isso, o mundo deve, primeiro que todos, reconhecer o caminho certo. Enquanto o mundo não enveredar pelo caminho certo e sério a escola terá um papel difícil. Também é verdade que é de pequeno que se torse o pepino. A escola, em certa medida, deveria ir contra a corrente das coisas, do estabelecido, deveria ser uma força de insatisfação e de rebeldia. Isso pode ser incutido nos jovens. É um poder viciante que uma vez experimentado dificilmente é largado. Pode ser esse o caminho. Só é preciso o dealer para incutir o vício...
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