Estamos num tempo de alguma expectativa, lamentavelmente mais baixa do que gostaria, relativamente ao que no imediato e a prazo serão as políticas públicas de educação. Neste tempo de pré-campanha o que se vai ouvindo …
Entretanto, cumprindo os tempos
do ano escolar estamos no início do terceiro período ou na parte final do ano
lectivo para as escolas “semestralizadas”.
Para muitos alunos será o período
da decisão, das decisões. Uma boa parte dos alunos estará já
"arrumada", ou porque convivem com um "chumbo" anunciado ou
porque terão perspectivas de sucesso, com excelência ou com suficiência. Para quase
todos os outros o terceiro período é o da recuperação, a última tentativa para
"salvar" o ano. Alguns destes alunos ainda poderão ser incorporados
no “contingente” da avaliação simpática, por vezes forçada, que compõe as
estatísticas que alimentam os percursos de sucesso.
Também existe um grupo
significativo de alunos dos quais se espera que recuperem o rendimento escolar
de forma a salvar o ano, pelo que crescerá exponencialmente o recurso à velha
"explicação", um importante nicho de mercado para professores, ex-professores,
candidatos a professores ou simples curiosos que se dedicam à lucrativa arte.
Aliás, ainda durante as férias de Páscoa muitas crianças e adolescentes terão
passado já algum tempo nos centros de explicações. É preciso ir adiantando para
garantir a "recuperação", a nota que permita “passar” ou dê acesso ao
curso escolhido, pelo aluno ou pela família.
É também um período de promessas,
"se passares, nós oferecemos-te ...", "se tiveres notas para
entrar, terás ...". Chamam-se incentivos e providenciam, esperam os pais,
uma ajuda extra à motivação para esta parte final do ano lectivo.
Para alguns alunos este terceiro
período vai anteceder, espera-se uma mudança, de ciclo, de escola ou a por
muitos desejada passagem para o ensino superior, esperemos que não desistam de
estudar.
No final do ano uma parte dos
alunos ainda vai realizar algumas provasde ModA (monitorização da aprendizagem)
e outros exames finais desmaterializadas, decisão que levanta sérias dúvidas
sobretudo no 1º ciclo por razões que já aqui referi. Talvez fosse de apostar
mais na desburocratização e na “desgrelhação” dos processos que realização de
provas em suporte digital. No 9º e 12º teremos os exames com as mudanças já
verificadas no ano anterior.
No entanto, para outros alunos, o
terceiro período vai deixá-los mais perto do insucesso, da desmotivação, do
abandono revoltado ou resignado. Eles terão falhado, mas não terão sido só
eles, nós também.
Existe ainda um grupo de alunos
que, à luz de um novo paradigma e de uma onda de inovação, vive dentro de
espaços curriculares ou físicos que os podem “guetizar” e de quem também não se
espera muito, são “adicionais”, são “selectivos”, são “redutores”, são outra
qualquer designação muitas vezes começada em “dis”, que procuram sobreviver a
ambientes que nem sempre são muito amigáveis e inclusivos apesar de algumas
boas práticas que se saúdam e registam.
Na verdade, os próximos meses vão
ser pesados, exigentes, apesar de haver quem entenda como fáceis os trabalhos
dos alunos … ou dos professores.
Boa sorte e bom trabalho, para
alunos, professores e pais.
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