Foi divulgado há dias o relatório "Pessoas com Deficiência em Portugal – Indicadores de Direitos Humanos 2024", da responsabilidade do Observatório da Deficiência e Direitos Humanos com base no Inquérito Europeu às Condições de Vida e Rendimento relativos a 2023, produzido pelo Serviço de Estatística da União Europeia, Eurostat.
Aproximando-se a realização das
legislativas os dados conhecidos deveriam ter impacto no caderno de encargos de
quem se propõe assumir responsabilidades governativas.
Perto de dois terços das pessoas
com deficiência com mais de 6 anos estavam em risco de pobreza antes da
transferência dos apoios sociais.
Considerando as prestações
sociais a taxa de pobreza baixa 41,3% e nos cidadãos sem deficiência 20,3%
verificando um maior impacto dos apoios sociais na população com deficiência.
No entanto, o volume de apoios disponibilizado continua abaixo do que se
verifica na UE.
Apesar de alguma evolução a
situação das pessoas com deficiência continua com grande vulnerabilidade face á
pobreza e exclusão.
Não é novo, sucessivos relatórios
de diferentes entidades vão mostrando o quanto está por fazer e as dificuldades
decorrentes da corrida de obstáculos em que se transforma a vida das pessoas
com deficiência ameaçando os seus direitos e bem-estar bem como das suas
famílias. São por demais evidentes as dificuldades em áreas como, educação,
saúde, trabalho e emprego, segurança social, acessibilidades, autonomia,
independência ou autodeterminação.
A verdade é que a voz das
minorias é sempre muito baixa, ouve-se mal, existem variadíssimas áreas em que
são significativas as dificuldades colocadas às pessoas com deficiência,
designadamente saúde, acessibilidades, educação, apoio social, qualificação profissional
e emprego, em que a vulnerabilidade e o risco de exclusão continuam elevados
como este relatório mostra.
Importa também sublinhar que os
direitos fundamentais não podem ser de geometria variável em função de
contextos ou hipotecados às oscilações de conjuntura ainda que tenhamos
consciência da excepcionalidade destes tempos.
Parece necessário reafirmar mais
uma vez que os níveis de desenvolvimento das comunidades também se aferem pela
forma como lidam com os grupos mais vulneráveis e com as suas problemáticas.
Este entendimento é tanto mais importante quanto mais difíceis são os contextos
que se vivem.
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