A propósito da referência a mais uma iniciativa de
proibição de smartphones em contextos escolares incluindo recreios, escolas de
Michigan nos USA, o I tem uma peça sobre esta questão. Vão sendo conhecidas
decisões de proibição de que Singapura ou a França a partir deste ano são
exemplos.
Embora se possam
compreender as razões que sustentam as proibições, o uso excessivo deste tipo
de dispositivos por parte de crianças e adolescentes com risco directos e
indirectos reconhecidos, a decisão não é consensual como aliás a peça do I
mostra.
Ao que parece existem pais que se inquietam com a
impossibilidade de contactar com os filhos e também levantam algumas questões
de funcionalidade.
Também se colocam questões de natureza logística, como
recolher, guardar e devolver a quantidade de telemóveis em uso mas é um aspecto
que me parece menos relevante se bem que a dificuldade seja evidente.
Por outro lado são conhecidos múltiplos exemplos de boas práticas na utilização dos smartphones e telemóveis nas salas de aula como ferramentas de
trabalho e de suporte à aprendizagem e ao conhecimento. Fica algo estranho que
nas aulas possam trabalhar com os dispositivos e no intervalo sejam proibidos
de os utilizar. Aliás, temos alunos com necessidades especiais para os quais este tipo de ferramentas são imprescindíveis em diferentes circunstâncias.
Não tenho nenhuma convicção que esta estratégia de proibição
devolva crianças e adolescentes à conversa e aos “jogos tradicionais” embora
seja imprescindível a regulação do seu uso.
A questão estará a montante, a utilização que nós todos
damos a estes dispositivos. Seria bastante mais interessante que se discutisse
a sério nas comunidades educativas a regulação dos comportamentos e definição
de regras e limites, sem “superpais”, sem “superfilhos” ou “superprofessores”.
No entanto, esta discussão tem de ser acompanhada pela nossa, adultos e
profissionais, regulação da sua utilização. Se olharmos para muitas famílias em
“convívio” ou para muitos contextos profissionais em “reunião” verificaremos os
ecrãs que muitos terão à sua frente e perceberemos o que está por fazer,
comportamento gera comportamento.
Apesar de bem-intencionada a decisão de proibição não me
parece eficaz e, mais do que isso, poderá levantar novos problemas, de conflitualidade
por exemplo.
Tenho alguma curiosidade sobre a apreciação que os docentes
das nossas escolas farão da medida e do seu potencial de eficácia.
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