Com a divulgação do recente relatório da rede Eurydice, “The Organisation of School Time in Europe - Primary and General Secondary Education 2019/20” e considerando também os dados do trabalho da OCDE “Education at a Glance 2019”,
voltam a agenda os tempos da escola.
Tal como tem sido mostrado em estudos anteriores os alunos
portugueses são dos que têm menos dias de aula no contexto europeu mas,
curiosamente, as horas de aula são mais elevadas que a média, considerando
horário curricular e AEC. Os alunos do 1º ciclo os que mais horas de aula têm
durante o ciclo, cerca 1200 horas a mais face à m´dia europeia.
Não é fácil o estabelecimento de um consenso sobre a “melhor”
organização dos tempos da escola as comparações internacionais devem ser
cautelosas pois as variáveis a considerar são múltiplas, a realização dos
exames, clima e parque escolar são algumas que importa não esquecer.
No entanto, creio que vale a pena reflectir nestas matérias,
envolvendo a participação dos vários actores, estudando de forma crítica
experiências de outros sistemas e avaliando projectos já iniciados nas nossas esscolas para, se assim se entender, de uma forma tranquila e oportuna no tempo e no modo, repensar os tempos da escola.
Para além da mais próxima "semestralização" já em vigor em muitos
agrupamentos e escolas em vez dos clássicos e desequilibrados
três períodos também será de considerar a análise de benefícios e eventuais
efeitos negativos da criação de uma “pausa” a meio do primeiro período (ou de
cada semestre) modelo existente em vários países.
Creio mesmo que seria desejável que pudéssemos reflectir de
forma mais global para os tempos da escola considerando outros aspectos.
Num país com as nossas condições climáticas, tal como
genericamente no sul da Europa, e considerando boa parte do nosso parque
escolar, aulas prolongadas até ao Verão seriam algo de, literalmente,
sufocante.
Reconhecendo que a guarda das crianças nos horários laborais
das famílias é um problema sério e que reconheço, também entendo que não pode
ser resolvido prolongando até ao “infinito”, a infeliz ideia de “Escola a Tempo
Inteiro”, a estadia dos alunos na escola. A “overdose” é sempre algo de pouco
saudável.
No que respeita aos tempos escolares já sabíamos e foi agora reafirmado que os alunos portugueses, sobretudo no início da escolaridade, têm umas
das mais elevadas cargas horárias. Como bem se sabe, mais horas de trabalho não
significam melhor trabalho e os alunos portugueses já passam um tempo enorme na
escola. Talvez seja de introduzir nesta equação a variável “áreas disciplinares
e currículos”, considerando o número de áreas ou disciplinas, conteúdos,
organização de anos e de ciclos, etc.
Neste contexto, insisto, seria desejável reflectir sobre os
tempos da escola.
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