Sempre que estamos à beira de um novo ano lectivo me lembro desta história
que ouvi numa roda de trabalho com professores.
Num escola do 1º ciclo onde andava um rapaz chamado Júlio. O
Júlio já tinha uns dez anos mas tinha aprendido pouco, diziam as professoras.
Não é que não fosse capaz, o problema é que, todos os anos, depois das aulas
começarem, logo nas primeiras semanas, o Júlio deixava de aparecer na escola,
acompanhava os pais na venda pelas feiras.
No início de mais um ano, uns dias antes de as aulas
começarem, uma das professoras da escola encontrou o Júlio e interpelou-o,
“Júlio, este ano é que vai ser, tens de vir para a escola e ficar até ao fim”.
Diz o Júlio, do alto dos seus dez anos e com a sabedoria de
alguns anos de feira, “Para a escola eu, Professora? Então eu nem sei ler nem
escrever, venho para a escola fazer o quê?”
Pois é, ainda temos, por diferentes razões, miúdos que não
alcançam a escola e miúdos que a escola não alcança.
A minha esperança que é também uma convicção é de que cada
vez sejam menos.
Bom trabalho para toda a gente.
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