É uma boa notícia mas … há sempre um mas.
Primeiro a boa notícia. No ano lectivo que agora se iniciou regista-se um aumento
significativo de alunos com necessidades especiais matriculados no ensino superior.
Após a segunda fase de colocação o número de alunos
inscritos é de 310, um aumento de 34% relativamente ao ano passado e superior
em 158% ao que se verificava em 2015.
Sendo de registar a subida importa, no entanto, considerar
que em 2017/2018 frequentavam o ensino superior 1644 alunos com necessidades
especiais, 0,5% do total dos matriculados no ensino superior o que evidencia o
que está por fazer em matéria de equidade e inclusão. Considerando as vagas do
contingente especial para estes estudantes registe-se que apenas 14% foram
ocupadas.
Estamos, pois, muito longe ainda do que seria desejável.
Agora o mas. Em Agosto foi divulgada uma
decisão em sentido contrário à promoção da presença de alunos necessidades especiais
no ensino superior e não tenho conhecimento de que tenha sido revertida.
Os alunos com necessidades especiais a frequentar o ensino superior,
os poucos alunos nesta situação insisto, tinham acesso a uma bolsa que cobria
as propinas do curso que estivessem a frequentar, independentemente do grau
académico do curso, licenciatura, mestrado ou doutoramento.
A partir do próximo ano lectivo e para surpresa de muitos
alunos e famílias, a bolsa máxima corresponderá ao valor da propina de
licenciatura quando é sabido que mestrados e doutoramentos têm propinas bem
mais elevadas.
Vejamos. Em 2017/2018 frequentavam o ensino superior 1644
alunos com necessidades especiais, 0,5% do total dos matriculados no ensino
superior o que evidencia o que está por fazer em matéria de equidade e
inclusão. Considerando as vagas do contingente especial para estes estudantes
registe-se que apenas 14% foram ocupadas.
Se a estes dados acrescentarmos que a taxa de desemprego na
população com deficiência é estimada em 70-75% e que o risco de pobreza é 25%
superior à população sem deficiência e que Portugal se orgulha de ter perto de
98% dos alunos com necessidades especiais a frequentar as escolas de ensino
regular no período de escolaridade obrigatória, temos um cenário que nos deve
merecer a maior atenção.
Esta decisão representa mais um enorme obstáculo
na promoção de direitos, inclusão e equidade de oportunidades das pessoas com
necessidades especiais.
Não será necessário recorrer a comparações com o que é gasto
noutras áreas para perceber que, não se trata evidentemente de um problema de disponibilidade
orçamental, é mesmo uma enorme e inaceitável incompetência e insensibilidade.
Como sempre afirmo, os níveis de desenvolvimento e bem-estar
das comunidades também se aferem pela forma como lidam com os problemas que
envolvem grupos sociais minoritários.
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