Não é matéria que aqui aborde com
frequência mas é umas das minhas paixões, o futebol.
Talvez por isso da última vez que
o fiz, o texto tinha como título “Não matem essa coisa linda, o futebol”. Pois
parece que querem mesmo liquidar o futebol. Os fins-de-semana são regularmente marcados
por incidentes com adeptos, agressões a árbitros, agressividade verbal e
ofensas nos comentários, tudo o que se antecipava e não ficará certamente por
aqui.
Em tempos, a propósito de um
apelo de contenção do presidente da Federação Portuguesa de Futebol dirigido
aos responsáveis clubísticos escrevi que o alerta vinha tarde, as estruturas
directivas e reguladoras são parte do problema embora, evidentemente, se espere
que façam parte da solução.
Na verdade, também no desporto,
em particular no futebol, os tempos andam feios, por cá e por fora. Estranho
seria se assim não fosse.
A minha paixão pelo futebol vai
resistindo mal aos maus tratos que vai recebendo. São recorrentes e
progressivamente mais radicalizados e violentos os comportamentos e discursos
que o envolvem para além da componente negócio que também desempenha um papel
importante no clima criado.
A espiral de gravidade dos
episódios que já se anunciava começa a confirmar-se da irracionalidade e do
ambiente de hostilidade e ódio instalados. Os mais recentes episódios
envolvendo as claques e as direcções do Benfica, Porto e Sporting mas não só
mostram quão próximo podemos estar acontecimentos ainda mais graves.
Os acontececimentos de ontem nas
instalações do Sporting foram mais um passo numa escalada de violência que não se
sabe onde nos levará.
Há algum tempo a imprensa referia
(desejava) que os clubes, leia-se as suas direcções, pudessem tomar medidas
face ao comportamento de alguns, muitos, energúmenos que fazem parte das suas
claques.
É no mínimo ingénuo acreditar
nisto. As direcções e os seus empregados e porta-vozes, os seus discursos,
comportamentos e decisões são também parte substantiva do problema, não podem
ser parte da decisão.
A mediocridade da generalidade
dos dirigentes produz discursos e comportamento que inflamam muitos dos
apoiantes, apoiam e organizam as suas actividades. Servem-se deles para os
jogos de poder e devem-lhes isso.
É um mundo em que não existem
santos e pecadores. Talvez a bola seja o elemento mais são deste universo
apesar de tantas vezes também ser maltratada.
Já dificilmente me mobilizo para
ir a um estádio, não consigo assistir aos milhentos programas televisivos onde
opinadores avençados, salvo algumas raras excepções, vão papagueando agendas
encomendadas e se envolvem em obscenas trocas de agressões e boçalidades que
são mais um alimento para o clima instalado de ódio, hostilidade e
agressividade.
O problema é que não consigo não
continuar fascinado com esse jogo estranho chamado futebol. Por isso me
inquieta tudo isto. Não dêem cabo do futebol.
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