O presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima critica o
parecer desfavorável do Conselho das Escolas sobre os novos currículos do ensino básico e secundário afirmando que foi um parecer
politizado. Filinto Lima questiona também a representatividade dos 27
Directores que constituem o Conselho.
Não há mesmo volta a dar. O
sistema educativo português parece condenado a uma dimensão de conflitualidade
e instabilidade que lhe retiram serenidade e eficácia. São múltiplos e diários
os exemplos de conflitualidade e raros os entendimentos significativos.
Não sou defensor de falsos
consensos, a chamada paz podre, conseguida a todo o preço. A conflitualidade em
educação, como noutras áreas, pode e deve ser um factor de desenvolvimento e
crescimento.
Sucessivas equipas do ME também
se têm esforçado pela alimentação desta permanente conflitualidade com medidas
que, apesar de se assumirem, algumas com objectivos importantes e de necessária
mudança, são muitas vezes incompetentes e obedecem a critérios dificilmente
sustentáveis do ponto de vista da qualidade e equidade do sistema público de
educação.
Por outro lado, numa atitude
reactiva, mas também inscrita na profunda luta política em que a educação se
transformou em Portugal, todos os parceiros envolvidos se acotovelam na defesa
dos interesses que representam e que, frequentemente, são de natureza corporativa,
profissional e, lamentavelmente, acabam por ser parte do problema e não parte
da solução. Toda a gente tem os seus interesses federados num qualquer
sindicato. Isto envolve professores, técnicos e funcionários, políticos, pais,
estruturas de formação de professores, autarquias, produtores de material e
manuais escolares, comunicação social, etc. Este quadro leva a que, em
Portugal, a qualidade na Educação pareça ter de se desenvolver contra estes
grupos e não com estes grupos, com o resultado que se conhece.
Vai sendo de tempo de entendermos
que a educação é um problema nosso e que, com papéis e modelos diferenciados,
temos de encontrar em conjunto os caminhos para uma formação de qualidade e
exigente dos que menos vêem os seus interesses representados, os alunos.
Para isso, é preciso que se
tornem claros os interesses em conflito e que, sobretudo, se perceba que os
miúdos estão nas escolas e exigem que lhes proporcionem contextos educativos
serenos e de qualidade.
É forçoso admitir e entender como
factor de desenvolvimento a existência de diferentes posicionamentos sobre
educação e escolas designadamente no entendimento do que deve ser um sistema
público de educação e ensino. É legítimo que assim seja em sociedades abertas e
democráticas independentemente das nossas posições. Recordo como tantas vezes
aqui discordei de dimensões da política educativa de Nuno Crato ou Maria de
Lurdes Rodrigues só para citar dois exemplos fortes entre antigos ocupantes da
5 de Outubro.
A questão não é a existência
destas diferentes visões sobre os caminhos da educação. Os problemas, a
instabilidade, emergem quando essas diferentes visões e posicionamento perdem
de vista os interesses e o bem-estar educativo de todos os alunos e passam a
acomodar, sobretudo, outros interesses sejam partidários, corporativos,
profissionais ou económicos.
É neste quadro que a
conflitualidade corre o risco de ser parte do problema e não uma busca por
soluções. Não está também em causa a legitimidade de alguns destes interesses mas
o enorme risco da sua gestão ameaçar a serenidade e
qualidade do trabalho de alunos e escolas.
Será assim tão difícil algum entendimento em questões essenciais na educação?.
Será assim tão difícil algum entendimento em questões essenciais na educação?.
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