domingo, 20 de maio de 2018

É SOBREDOTADO, NÃO PRECISA DE APOIO


No âmbito da realização do seu 13.º Congresso Internacional a Associação Nacional para o Estudo e a Intervenção na Sobredotação defende que a proposta legal relativa à designada “educação especial” que aguarda aprovação no Conselho de Ministros contemple explicitamente a questão dos alunos sobredotados.
Independentemente da forma como possa ser tratada do ponto de vista do enquadramento legislativo, esta problemática tem habitualmente menos atenção específica do que seria desejável.
Este grupo, que de acordo com os especialistas se estima até cerca de 80000 crianças e jovens em Portugal, enquanto grupo minoritário sofre com essa natureza. Parece consensual que os apoios aos alunos, professores e pais são manifestamente insuficientes. Aliás e como muitas vezes aqui tenho referido, esta questão envolve crianças e adolescentes com necessidades especiais de diferentes naturezas. Nada de novo, portanto, lamentavelmente.
No caso mais particular das crianças sobredotadas acrescem algumas outras questões. Em primeiro lugar a dificuldade em avaliar este tipo de situações e o desconhecimento genérico sobre esta matéria que parte significativa dos agentes educativos evidencia. Em muitas situações, conheci algumas, os comportamentos e o funcionamento das crianças e até mesmo as dificuldades escolares experimentadas por algumas eram considerados consequência das mais variadas razões nunca relacionadas com um quadro de sobredotação.
Acontece ainda que com alguma frequência se estabelece o enorme equívoco de que "se a criança é sobredotada não precisa de ajuda", sendo que o próprio Ministério da Educação assim considerou durante muito tempo.
Na verdade, as crianças e adolescentes com sobredotação podem experimentar enormes dificuldades no seu percurso educativo a que as escolas dificilmente dão respostas, tal como têm dificuldade em assegurar respostas eficazes e com os recursos necessários a outros grupos de alunos.
Sem ser um especialista nesta área, a sobredotação, entendo que a única forma de responder à diferença entre os alunos é diferenciando o trabalho educativo, diferenciando as respostas educativas, construir modelos curriculares de natureza mais aberta e flexível tal como definir dispositivos de avaliação também com algum nível de diferenciação e, finalmente ter modelos de autonomia e organização escolar reais bem como dispositivos de apoio competentes e suficientes.
Este cenário, enunciado a propósito dos alunos sobredotados, é a melhor forma de acomodar as diferenças entre os alunos, qualquer que seja a sua expressão, e promover, de facto, uma educação inclusiva que idealmente não deixe ninguém para trás.

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