No âmbito da realização do seu 13.º
Congresso Internacional a Associação Nacional para o Estudo e a Intervenção na Sobredotação defende que a proposta legal relativa à designada “educação
especial” que aguarda aprovação no Conselho de Ministros contemple explicitamente
a questão dos alunos sobredotados.
Independentemente da forma como possa
ser tratada do ponto de vista do enquadramento legislativo, esta problemática
tem habitualmente menos atenção específica do que seria desejável.
Este grupo, que de acordo com os
especialistas se estima até cerca de 80000 crianças e jovens em Portugal,
enquanto grupo minoritário sofre com essa natureza. Parece consensual que os
apoios aos alunos, professores e pais são manifestamente insuficientes. Aliás e
como muitas vezes aqui tenho referido, esta questão envolve
crianças e adolescentes com necessidades especiais de diferentes naturezas.
Nada de novo, portanto, lamentavelmente.
No caso mais particular das
crianças sobredotadas acrescem algumas outras questões. Em primeiro lugar a
dificuldade em avaliar este tipo de situações e o desconhecimento genérico sobre
esta matéria que parte significativa dos agentes educativos evidencia. Em
muitas situações, conheci algumas, os comportamentos e o funcionamento das
crianças e até mesmo as dificuldades escolares experimentadas por algumas eram
considerados consequência das mais variadas razões nunca relacionadas com um
quadro de sobredotação.
Acontece ainda que com alguma
frequência se estabelece o enorme equívoco de que "se a criança é
sobredotada não precisa de ajuda", sendo que o próprio Ministério da
Educação assim considerou durante muito tempo.
Na verdade, as crianças e
adolescentes com sobredotação podem experimentar enormes dificuldades no seu
percurso educativo a que as escolas dificilmente dão respostas, tal como têm
dificuldade em assegurar respostas eficazes e com os recursos necessários a
outros grupos de alunos.
Sem ser um especialista nesta
área, a sobredotação, entendo que a única forma de responder à diferença entre
os alunos é diferenciando o trabalho educativo, diferenciando as respostas
educativas, construir modelos curriculares de natureza mais aberta e flexível
tal como definir dispositivos de avaliação também com algum nível de
diferenciação e, finalmente ter modelos de autonomia e organização escolar
reais bem como dispositivos de apoio competentes e suficientes.
Este cenário, enunciado a
propósito dos alunos sobredotados, é a melhor forma de acomodar as diferenças
entre os alunos, qualquer que seja a sua expressão, e promover, de facto, uma
educação inclusiva que idealmente não deixe ninguém para trás.
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