Contrariamente ao que se passa
com polémicas, muitas vezes inconsequentes, ou com problemas conhecidos, as
boas notícias em educação têm quase sempre uma divulgação discreta. Trata-se,
provavelmente, de uma questão cultural e de uma questão de gestão de interesses
e agendas.
Segundo o INE, depois de uma
subida em 2016 percentagem de abandono escolar precoce desceu em 2017, passou
de 14% em 2016 para 12,6%. Nesta área o trajecto foi significativo se
considerarmos que em 2002 a taxa era de 45%.
Uma primeira nota para registar a
evolução positiva, realçar o trabalho de alunos, professores, escolas e
famílias e estranhar que não se tenha desencadeado a habitual luta pela
paternidade dos resultados positivos com diferentes figuras e entidades a
“chegarem-se à frente” para aparecerem na fotografia.
A segunda nota para relembrar o
pesado caderno de encargos que ainda continuamos a ter pela frente, continuar a combater o abandono e a exclusão, quase sempre a primeira etapa
da exclusão social, promover a qualificação, um bem de primeira necessidade e
combater as desigualdades criando efectivos dispositivos de mobilidade social
em que a escola faz a diferença e pode ajudar a contrariar o destino.
Só assim se promove a construção
de projectos de vida viáveis e proporcionadores de realização pessoal e base do
desenvolvimento das comunidades.
Neste caminho temos duas vias que
se complementam e de igual importância, a prevenção do insucesso que leva ao
abandono e a recuperação para trajectos de formação e qualificação da população
que entretanto já abandonou.
Esperemos que algumas mudanças em
curso e, sobretudo, a existência de dispositivos de apoio competentes e
suficientes às dificuldades de alunos e professores, possam contribuir para a
minimização do insucesso.
No que respeita à recuperação dos
jovens que já abandonaram espero que a oferta de trajectos diferenciados de
formação e qualificação ou iniciativas em desenvolvimento como o programa
Qualifica, sucessor do Novas Oportunidades tenha os meios necessários e resista
à tentação do trabalho para a “estatística”, confundindo certificar com
qualificar.
Merecemos e precisamos de mais e
melhor sucesso e menos abandono e exclusão.
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