Como costumo dizer uma das vantagens de ser velho é ter histórias para contar. Sempre que tenho oportunidade, é algo que me dá muito gozo, gosto de ouvir histórias da gente dos outros tempos para juntá-las às minhas. Uma das minhas fontes é o meu amigo, o Mestre Zé Marrafa que trabalha comigo lá no monte do meu Alentejo. Este fim-de-semana andámos juntos a desmoitar oliveiras e a traçar lenha, fizemos um intervalo na apanha da azeitona e, como sempre, o trabalho fica mais leve no meio de umas lérias, neste caso histórias de outros tempos.
Fiquei assim a conhecer algo de que nunca tinha ouvido falar, o destelo, e uma função, o Apregoador, há muito desaparecida no meu Alentejo. Vamos por partes, quando se considerava que a época da apanha da azeitona tinha terminado, o apregoador, já explico, avisava que se poderia ir ao destelo. O destelo é a busca de alguma azeitona que ficou para trás caída ou na oliveira e que as pessoas de menores recursos ainda vinham pacientemente, catar, colher e vender no lagar ou temperar para conserva. Lembrei-me do lindíssimo “Os Respigadores e a Respigadora” de Agnès Varda.
O Apregoador tinha uma função muito curiosa, cabia-lhe anunciar em quatro sítios diferentes da vila aquilo que lhe pediam para apregoar, desde um produto que estaria à venda no mercado, um monte ou uma herdade para vender, a realização de um qualquer evento, etc. Este trabalho pioneiro de publicidade e marketing realizava-se a troco de uma oferta por parte do interessado em apregoar.
O Velho Marrafa que em novo ainda andou ao destelo, estranha como as pessoas hoje não ligam a tantas coisas que deixam estragar sem aproveitar. Dói-lhe a alma de ver tanta azeitona a ficar nas árvores sem ser colhida e nós a importarmos azeite. Também a mim mas acho que se chama evolução.
Fiquei assim a conhecer algo de que nunca tinha ouvido falar, o destelo, e uma função, o Apregoador, há muito desaparecida no meu Alentejo. Vamos por partes, quando se considerava que a época da apanha da azeitona tinha terminado, o apregoador, já explico, avisava que se poderia ir ao destelo. O destelo é a busca de alguma azeitona que ficou para trás caída ou na oliveira e que as pessoas de menores recursos ainda vinham pacientemente, catar, colher e vender no lagar ou temperar para conserva. Lembrei-me do lindíssimo “Os Respigadores e a Respigadora” de Agnès Varda.
O Apregoador tinha uma função muito curiosa, cabia-lhe anunciar em quatro sítios diferentes da vila aquilo que lhe pediam para apregoar, desde um produto que estaria à venda no mercado, um monte ou uma herdade para vender, a realização de um qualquer evento, etc. Este trabalho pioneiro de publicidade e marketing realizava-se a troco de uma oferta por parte do interessado em apregoar.
O Velho Marrafa que em novo ainda andou ao destelo, estranha como as pessoas hoje não ligam a tantas coisas que deixam estragar sem aproveitar. Dói-lhe a alma de ver tanta azeitona a ficar nas árvores sem ser colhida e nós a importarmos azeite. Também a mim mas acho que se chama evolução.
4 comentários:
Este seu post fez-me lembrar que, no meu Ribatejo, se dizia ir 'ao rabisco'
Também já ouvi a expressão "ir ao rebusco" o que só mostra uma das poucas coisas em que somos ricos, na língua
A minha avó conta-me histórias parecidas, daquele que também considero um pouco o meu Alentejo. Só de alma, mas está cá.
é bom encontrar quem tenha visto "os repigadores e a respigadora", adorei, lindo filme/Doc.
Esse Alentejo, o que me chega das poucas histórias, é de ouro. Quem me dera que a minha avó se lembrasse de mais para um dia eu poder escrever algo que o honrasse, mas com bom material...
Um abraço de Lisboa com saudades do céu alentejano.
F.
Experimente olhar. Cada um carrega o seu Alentejo
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