quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O MEU SONHO ACABA TARDE, ACORDAR É QUE EU NÃO QUERIA

O sonho será porventura a actividade mais democratizada da espécie humana. Parece acessível a todos os estatutos e condições. É certo que já me cruzei com pessoas que me impressionaram pela atitude de nada esperar da espécie de vida que têm e por não parecerem sequer capazes de comprar um sonho. Apesar da eventual discordância de alguns psicólogos, o sonho tem ainda a vantagem de permitir o acesso a tudo, não tem aparentemente limites, é completamente aberto, cada um pode sonhar o seu sonho, seja ele qual for.
Não é muito frequente recordar-me dos meus sonhos, dos bons e dos maus. É bastante mais usual sonhar quando estou acordado, bem acordado. E nestas ocasiões quase só me acontecem sonhos bons e sem limites.
Quando “acordo” e percebo que afinal foi apenas e de novo mais um sonho, lembro-me dos Madredeus e “o meu sonho acaba tarde, acordar é que eu não queria”. Mas não, acordamos e voltamos a alguns pesadelos à nossa beira.
Há algum tempo, um jovem com uma deficiência motora significativa foi questionado num documentário televisivo sobre se acreditava que alguma vez alguma vez teria possibilidade de uma viver uma vida “como a das outras pessoas”, família, emprego, etc. O rapaz respondeu que às vezes sonhava com isso, mas o problema é que, disse ele, “sonhar não custa, o que custa é viver”.

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