Uma das expressões que integrou recentemente o léxico político português que me causa alguma estranheza, para não dizer, animosidade, é a conhecida “causa fracturante”. Não entendo muito bem. Uma ideia, uma proposta, uma opinião são por natureza fracturantes, ou seja, não são consensuais para toda a comunidade. Liberdade e democracia são isso mesmo. Só sociedades totalitárias não contemplam a ideia de diferença, de fractura
Vem esta introdução a propósito da intenção de legislar sobre o casamento homossexual que consta do programa do governo, uma ideia fracturante e que já Cavaco Silva considerou na anterior legislatura não ser oportuno enquadrar legalmente. O Presidente entende assim que os direitos das pessoas, que umas têm e outras não, são matéria de oportunidade e calendário.
O CDS-PP propõe um referendo sobre o casamento homossexual antes de uma iniciativa legislativa, posição também subscrita pelo Bispo do Porto que acha que esta questão deve ser objecto de grande debate “sem pressas”. A questão parece-me relativamente simples, se eu tenho o direito consignado de estabelecer um contrato civil, chamado casamento, com uma pessoa de outro género, por que não posso ter o mesmo direito face a uma pessoa do mesmo género? Trata-se uma questão básica de equidade de direitos.
Os direitos não se referendam. A recusa implícita ou habilidosa de direitos a um grupo de cidadãos, a comunidade homossexual neste caso, é que me parece verdadeiramente fracturante.
Vem esta introdução a propósito da intenção de legislar sobre o casamento homossexual que consta do programa do governo, uma ideia fracturante e que já Cavaco Silva considerou na anterior legislatura não ser oportuno enquadrar legalmente. O Presidente entende assim que os direitos das pessoas, que umas têm e outras não, são matéria de oportunidade e calendário.
O CDS-PP propõe um referendo sobre o casamento homossexual antes de uma iniciativa legislativa, posição também subscrita pelo Bispo do Porto que acha que esta questão deve ser objecto de grande debate “sem pressas”. A questão parece-me relativamente simples, se eu tenho o direito consignado de estabelecer um contrato civil, chamado casamento, com uma pessoa de outro género, por que não posso ter o mesmo direito face a uma pessoa do mesmo género? Trata-se uma questão básica de equidade de direitos.
Os direitos não se referendam. A recusa implícita ou habilidosa de direitos a um grupo de cidadãos, a comunidade homossexual neste caso, é que me parece verdadeiramente fracturante.
9 comentários:
O que está em causa é os "supostos" direitos de uma minoria...
ora se ninguém têm a interferir com o amor entre duas pessoas... E os demais?
Se eu quiser casar-me com 2 mulheres e todos os 3 concordámos? Onde está esse meu direito? E Pais com filhos? Também os há? Estes são diferentes?
Casamento, por muito que doa à esquerda caviar, é entre duas pessoas de sexos diferentes com o intuito de aumentar a natalidade.
Por isso sim, referendar. Isto não se pode reduzir a um "concordo" ou nao "concordo". Se é para abrir esta porta a esta minoria, que as outras também tenham voz.
então referendar o casamento entre homossexuais é errado por não sermos homossexuais? Quer dizer que o aborto só devia ter sido referendado por mulheres férteis? A sociedade tem uma estrutura, e o seu todo advém das suas regras. Alterar uma questão como esta afecta toda a sociedade, e portanto deve ser referendada sim sra. Um casamento tal como é permitido actualmente traz regalias contributivas e outros benefícios pela sua importância como factor de estabilidade na economia, política e bem-estar e influe na natalidade de um país. Alterar algo sem sequer discutir possíveis repercurssões é no mínimo irresponsável. é como alterar o código penal porque nos dá jeito em alguma situação sem pensar nas consequências para a população em geral (foi exactamente o que aconteceu no último governo)
"E Pais com filhos? Também os há? Estes são diferentes?"
Este é um argumento ao nível daquele que pergunta "onde é que começa a pedofilia? Com uma criança de 16, 15, 14, 13, 12, 11, 10 anos, onde?
Há uma coisa chamada bom-senso. Uma coisa é certa, a pedofilia é má. Nada justifica abusar sexualmente de uma criança, tenha ela 13 ou 6 ou 2 anos. Não faz parte da nossa cultura um homem namorar com duas mulheres ou vice-versa ou qualquer outra variante mirabolante. Faz parte da nossa cultura, repito, faz parte da nossa cultura a homossexualidade, alias, a homossexualidade faz parte da nossa especie e de outras. Não, ninguem temo direito de decidir sobre se duas pessoas que se amam têm direito a casar ou não. Dizer que o casamento serve para procriar é de um primarismo inqualificável. Uma pessoa não pode ser definida pela sua orientação sexual. O prazer é algo privado entre duas pessoas.
Abraço
E dizer "esquerda caviar" é um argumento está ao nível da estupidez...
É estupido colar todas as pessoas que têm uma opinião específica a uma orientação política.
Repare, o bom-senso facilmente supera a estupidez.
"Faz parte da nossa cultura, repito, faz parte da nossa cultura a homossexualidade" ...
NO COMMENTS! Frases assim... :)
Já está a julgar os outros, a privilegiar uma condição anti-natura em detrimento dasdemais poligamia, o incesto, e outros todos... Em que apenas há amor.
Daniel
Estamos perante uma questão de etnocentrismo: nós vs eles. Nós somos assim, eles são assado. Os mecanismos que levam ao preconceito e ao estereotipo partem dessa origem. Anos atrás, os ouvintes proibiam os surdos de usarem os gestos para se comunicarem. É como se "nós" quisessemos impedir "eles" de serem livres para "nós" termos supremacia sobre "eles". O erro começa na divisão. As espécies evoluiram atraves da diversidade e não da homogeneidade. A diversidade é uma coisa boa. Depois há variantes reprodutoras e variantes que não reproduzem. Não é o mundo um lugar belo.
Claro, tem toda a razão. Também faz parte da nossa cultura, pessoas que matam outras (não muitas, ainda bem), devido à sua orientação sexual. Também faz parte da nossa cultura pessoas que odeiam outras por causa da sua orientação sexual e por causa da sua raça. Tem razão, a cultura não é uma coisa simples.
Mas você quer casar-se com duas mulheres? E essas mulheres querem casar-se com você? Então proteste. Você é com certeza uma maioria silenciosa... Faça uma petição e leve-a à Assembleia da República...
Enviar um comentário