segunda-feira, 16 de novembro de 2009

OS TRANSPARENTES

Fico sempre impressionado com aquelas pessoas que num acto de pagamento, por exemplo na fila do hipermercado, abrem a carteira e mostram ostensivamente um conjunto de cartões espalhados por várias ranhuras de volumosas carteiras.
Hoje fiquei a saber que perto de 250 000 famílias portuguesas não têm contas bancárias, a esmagadora maioria por não terem rendimentos que o justifiquem e suportem os encargos de abertura e manutenção de contas.
Nos tempos que correm até parece estranho que alguém, adulto, não tenha um cartãozinho de débito, já nem falo de crédito, chamado Multibanco, de um qualquer banco que possa ser mostrado e usado mesmo para a compra mais pequenina.
Eu acho que a maior parte de nós, assumo a minha parte, não tem consciência das dificuldades e os estilos de vida de parte significativa da nossa população. São aqueles a que costumo chamar os transparentes. Não os vemos, mesmo quando nos cruzamos com eles o nosso olhar passa através das pessoas, sem se deter e perceber quem habita naquele corpo e como vive.
Assim é melhor, dormimos mais tranquilos.

1 comentário:

Raúl Vicente disse...

Eu também sou meio transparente no trânsito, especialmente nos retrovisores de automóveis. Só para ilustrar que os seres humanos evitam naturalmente o que não lhes interessa.