quarta-feira, 25 de novembro de 2009

UM DIA BONITO: A CHUVA E UMA HISTÓRIA DE AMOR

Ao olhar para a imprensa verifica-se a existência de um conjunto de razões para que, à semelhança dos últimos tempos, se considere estar a passar-se mais um dia feio. Corrupção, Processo Casa Pia, operação Face Oculta, Portugal abaixo da média europeia em matéria de educação, desemprego, pobreza, criminalidade, etc. Mas de vez em quando emerge a minha costela optimista e acho que está um dia lindo por, pelo menos, duas razões, a chuva e uma história de amor.
Está a chover e estou contente por isso, o país está a entrar numa preocupante seca que ameaça repetir 2005. No meu Alentejo a situação é já grave e a chuva é mesmo imprescindível. Hoje aqueles locutores que numa época em que a chuva falta nos dizem com um ar contentíssimo que vamos ter um dia de sol não me vão irritar. Que chova neste dia bonito.
A segunda razão é uma comovente história de amor. O Padre Rui da freguesia de Carvalho, em Celorico de Basto, perdeu-se de amores pela Menina Fátima, jovem educada desde pequenina por uma família em virtude da sua não ter condições. O Padre Rui procurou que a família da Menina Fátima aceitasse este amor proibido mas tal não aconteceu. Esperou que a Menina Fátima completasse as dezoito primaveras, escreveu uma carta ao Senhor Bispo e os dois fizeram-se à estrada, ao que consta para Espanha, levando para essas paragens, com um gesto cristão, um bom casamento em vez dos maus ventos e dos maus casamentos que de lá dizem vir.
Os habitantes da aldeia dividem-se acerca da história de amor entre o Padre Rui e a Menina Fátima. Uns não acham bem, o senhor é Padre, outros acham muito bem e uma senhora até dizia que o Padre anterior também se tinha perdido de amores por uma paroquiana porque, continuava a senhora, “as mulheres da freguesia são pequeninas mas muito bonitas”.
Não há como a chuva e uma história de amor para tornar um dia bonito.

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