O JN apresenta um trabalho interessante sobre a participação de crianças em actividades artísticas, publicidade e televisivas. A lei em vigor obriga a que esta participação, para além da autorização dos pais, obtenha também autorização da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. De acordo com a Comissão Nacional, verificaram-se 123 pedidos durante um ano passado o que representou um aumento face ao ano anterior.
Olhando apenas para a publicidade e novelas, parece claro que os 123 pedidos de autorização registados constituirão apenas uma pequena parte do número de crianças envolvidas naquelas actividades. Tal situação decorrerá do desconhecimento da lei ou do desrespeito da mesma. Não sendo de crer que os produtores desconheçam o quadro legal respeitante à sua área de trabalho, trata-se de desrespeito o que em Portugal também não parece surpreendente, estamos a falar de valores.
Ora é precisamente no quadro dos valores que se coloca a questão. Em primeiro lugar e desde logo pelo “estatuto social” da actividade. Como bem é referido na peça, o facto de uma criança trabalhar no campo ou no restaurante da família não é visto da mesma forma que uma participação regular na gravação de uma novela. Depois importa considerar a “auto-estima”, de que agora tanto se fala por boas e más razões, dos papás, que se revêem através dos filhos nos míticos “15 minutos de fama” referidos por Warhol. No imaginário de muita gente e na sociedade actual, a imagem, o estrelato, são entendidas como uma via excelente para o sucesso, seja lá o que for, tanto pode ser o Cristiano Ronaldo como a Luciana Abreu, somos um país de “artistas”. Finalmente e não menos importante, as questões económicas, os filhos, mudando as circunstâncias, podem sempre ser uma fonte de rendimento familiar extra.
Será certo que algumas crianças e adolescentes envolvidos nestas actividades não se queixarão, provavelmente, pelas razões acima expostas e porque, para alguns, o seu envolvimento pode ser uma forma de compensar uma escola percebida como uma via mais trabalhosa e menos compensadora de chegar ao futuro.
Como sempre digo, é preciso estar atento.
Olhando apenas para a publicidade e novelas, parece claro que os 123 pedidos de autorização registados constituirão apenas uma pequena parte do número de crianças envolvidas naquelas actividades. Tal situação decorrerá do desconhecimento da lei ou do desrespeito da mesma. Não sendo de crer que os produtores desconheçam o quadro legal respeitante à sua área de trabalho, trata-se de desrespeito o que em Portugal também não parece surpreendente, estamos a falar de valores.
Ora é precisamente no quadro dos valores que se coloca a questão. Em primeiro lugar e desde logo pelo “estatuto social” da actividade. Como bem é referido na peça, o facto de uma criança trabalhar no campo ou no restaurante da família não é visto da mesma forma que uma participação regular na gravação de uma novela. Depois importa considerar a “auto-estima”, de que agora tanto se fala por boas e más razões, dos papás, que se revêem através dos filhos nos míticos “15 minutos de fama” referidos por Warhol. No imaginário de muita gente e na sociedade actual, a imagem, o estrelato, são entendidas como uma via excelente para o sucesso, seja lá o que for, tanto pode ser o Cristiano Ronaldo como a Luciana Abreu, somos um país de “artistas”. Finalmente e não menos importante, as questões económicas, os filhos, mudando as circunstâncias, podem sempre ser uma fonte de rendimento familiar extra.
Será certo que algumas crianças e adolescentes envolvidos nestas actividades não se queixarão, provavelmente, pelas razões acima expostas e porque, para alguns, o seu envolvimento pode ser uma forma de compensar uma escola percebida como uma via mais trabalhosa e menos compensadora de chegar ao futuro.
Como sempre digo, é preciso estar atento.
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