O Público de hoje faz referência a uma directiva da UE em vigor desde Julho e que aumenta os níveis de segurança dos brinquedos. Algumas das disposições têm vindo a a ser encaradas como excesso de zelo. Na peça de hoje refere-se o perigo dos vulgares balões e dos assobios conhecidos como "línguas da sogra".
É verdade que existem riscos em alguns brinquedos e que como há algum tempo a Associação para a Promoção da Segurança Infantil alertavam, o facto de estar no brinquedo o símbolo CE não é suficiente como garantia de segurança. Importa por isso sublinhar o papel dos pais como os "verdadeiros inspectores" da segurança dos brinquedos. No entanto, parece-me, como sempre, necessário usar de algum bom senso e evitar excessos de zelo que também não são positivos embora em matéria de segurança infantil o excesso é melhor que o defeito.
Esta referência à segurança nos brinquedos é interessante e oportuna, não estamos longe do espírito natalício, a preocupação com os brinquedos, mas gostava de reforçar o facto de continuarmos a ser um dos países da Europa com taxa mais alta de acidentes domésticos envolvendo crianças, de que as quedas de janelas ou varandas, os afogamentos e o contacto com materiais perigosos não devidamente acondicionados são exemplos.
O que me parece importante registar é que num tempo em que os discursos e as práticas sobre a protecção da criança estão sempre presentes, é, como se vê, recorrente a referência aos perigos dos brinquedos, também se verifica um número altíssimo de acidentes o que parece paradoxal. Por um lado, protegemos as crianças de forma que, do meu ponto de vista, me parece excessiva face às suas necessidades de autonomia e desenvolvimento e, por outro lado e em muitas circunstâncias, adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes e facilitadoras de acidentes que, frequentemente, têm consequências trágicas.
E não vale a pena pensar que só acontece aos outros.
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