sexta-feira, 14 de outubro de 2011

BRANDAS PALAVRAS

Existem palavras que pelo seu significado, significados, ou pela forma como nos soam parecem mais bonitas que outras. Não é estranho, embora, naturalmente, todas se escrevam com as mesmas letras.
Uma das palavras que mais gosto de ouvir é "brando", em diferentes variações de género, número e significado. Nos tempos ásperos que vivemos ainda mais gosto e preciso de brandas narrativas.
Acho engraçado o entendimento de que somos um país de brandos costumes. Não sei se de facto o somos, mas gosto da ideia de que temos costumes, fazem parte da nossa identidade, mas são brandos, nem duros nem inconsistentes.
Dá-me gozo conversar com quem usa palavras brandas de forma branda, ajuda-nos a pensar e a crescer, serenamente. No entanto, lamentavelmente, parece que usamos palavras cada vez mais duras e menos palavras.
Gosto das pessoas que têm um ar brando e também um olhar brando, são acolhedoras.
No meu Alentejo dizem de forma muito bonita que as noites de Primavera e do fim do Verão têm e trazem branduras, uma humidade que ainda permanece, na Primavera, ou que começa a formar-se, fim do Verão, como nesta noite, e que deixa as plantas mais frescas.
O Mestre Marrafa diz que o calor está brando quando não queima e que o frio é brando quando não enregela até aos ossos. Também fala de uma chuva branda, bem chovida, que encharca a terra sem estragar.
Já me começa a dar a lembrança de um lume brando na lareira.

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