Há minutos assisti, via RTP, a um espectáculo deprimente, a inauguração da sede do Sindicato dos Professores da Madeira. Em campanha eleitoral, o inimputável Alberto João procedeu a uma das várias inaugurações do dia. O evento contou com a presença simpática de Mário Nogueira que, com um ar sério, disse que estava ali por ser o Dia Mundial do Professor, não tendo a sua presença a ver com o Dr. Alberto João. Este, certamente em agradecimento da presença de Mário Nogueira, achou por bem afirmar que era contra a avaliação de professores. Confesso que precisei de procurar com urgência um Vomidrine. Já estou melhor.
Na verdade, como lembrou Mário Nogueira, a agenda das consciências manda que a 5 de Outubro se assinale o Dia Mundial do Professor pelo que hoje é dia de pensar nos professores.
Pensemos então na importância essencial e na responsabilidade que o trabalho dos professores assume na construção do futuro. Tudo passa pela escola e pela educação.
Pensemos no que é ser professor hoje, em algumas escolas que décadas de incompetência na gestão urbanística e consequente guetização social produziram.
Pensemos em como os valores, padrões e estilos e vida das famílias se alteraram fazendo derivar para a escola, para os professores, parte do papel que compete à família.
Pensemos na forma como milhares de professores cumprem a sua carreira de poiso em poiso, sem poiso e sem condições, muitos deles sem a possibilidade de desenharem projectos de vida para si quando são os principais responsáveis por lançar projectos de vida para os miúdos com quem trabalham. E não nos esqueçamos também da imprescindível necessidade de que o seu trabalho seja avaliado com justiça, rigor e exigência.
Pensemos nos professores que nos ajudaram a chegar ao que hoje cada um de nós é, aqueles que carregamos bem guardadinhos na memória, pelas coisas boas, mas também pelas más, tudo contribuiu para sermos o que somos.
Pensemos em como os professores são injustiçados na apreciações de muita gente que no minuto a seguir a dizer uma ignorante barbaridade qualquer, vai numa espécie de exercício sadomasoquista entregar os filhos nas mãos daqueles que destrata, depreendendo-se assim que, ou quer mal aos filhos ou desconhece os professores e os seus problemas.
Pensemos como é imprescindível que a educação e os problemas dos professores não sejam objecto de luta política baixa e desrespeitadora dos interesses dos miúdos, mesmo por parte dos que se assumem como seus representantes.
Pensemos em como a forma como os miúdos, pequenos e maiores, vêem e se relacionam com os professores está directamente ligada à forma como os adultos os vêem e os discursos que fazem.
Pensemos, finalmente, como ser professor deve ser uma das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente.
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