A imprensa de hoje refere que a linha telefónica do Cidadão Idoso da Provedoria de Justiça recebeu durante o ano corrente ano 2142 chamadas. Destas chamadas, cerca de seis por cento estavam relacionadas com maus-tratos. Os restantes contactos abordavam fundamentalmente questões relativas a saúde, o apoio domiciliário, informação jurídica.
Algumas notas a propósito da velhice, designadamente no que respeita aos maus-tratos.
Há pouco tempo, um relatório da OMS identificava Portugal como um dos cinco países europeus, entre 53, em que os velhos sofrem mais maus-tratos. Cerca de 39,4% dos velhos sofrem alguma forma de maus-tratos, que envolvem, por exemplo. extorsão, abuso psicológico, físico ou negligência.
Nos últimos tempos têm sido recorrentes as notícias sobre os maus-tratos aos velhos, aos seniores, como agora se diz.
Quer no seio das famílias, quer em instituições, algumas encerradas compulsivamente, tal é a gravidade das situações, multiplicam-se as referências à forma inaceitável como os velhos estão a ser tratados. Começam por ser desconsiderados pelo sistema de segurança social que com pensões miseráveis, transforma os velhos em pobres, dependentes e envolvidos numa luta diária pela sobrevivência. Continua com um sistema de saúde que deixa muitos milhares de velhos dependentes de medicação e apoio sem médico de família. Em muitas circunstâncias, as famílias, seja pelos valores, seja pelas suas próprias dificuldades, não se constituem como um porto de abrigo, sendo parte significativa do problema e não da solução.
Finalmente, as instituições, muitas delas, subordinam-se ao lucro e escudam-se numa insuficiente fiscalização além de que, com frequência, os equipamentos de qualidade são inacessíveis aos rendimentos de boa parte dos nossos velhos.
Por outro lado, é também de referir que as alterações dos estilos de vida e dos valores produzem cada vez mais situações de solidão e isolamento entre os velhos, com consequências que têm feito manchetes. Estão em extinção as relações de vizinhança e a vivência comunitária, fontes privilegiadas de protecção dos mais velhos.
É certo que existe, felizmente, um pequeno número de idosos que além do apoio familiar, ainda possuem meios que lhes permitem aceder a bens e equipamentos que contribuem para uma desejável e merecida qualidade de vida no fim da sua estrada.
Lamentavelmente, boa parte dos velhos, sofreu para chegar a velho e sofre a velhice.
Não é um fim bonito para nenhuma narrativa.
1 comentário:
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2055252/No-place-grow-old-Britain-ranks-Europes-worst-countries-ageism.html
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