Como todos os dias em que é possível saio bem cedo para uma
caminhada que a idade e o gosto solicitam e o corpo agradece.
Passado pouco tempo começou a
chover uma chuva grada, com vento. As primeiras águas depois do Verão que
colocam um cheiro notável na terra.
Felizmente, sou um homem prevenido, levava uma daquelas
peças de fibra que certamente com custos ambientais, que sendo praticamente
impermeáveis se mantêm respiráveis e nos permitiram dispensar aqueles casacos
mais clássicos em nylon que quando não metiam água da chuva por fora, nos
deixavam encharcados por dentro promovendo um efeito de sauna.
Satisfeito com esta cómoda solução têxtil e embalado pelo
passo lento, ia pensando nos dias que hoje atravessamos, sobretudo no regresso
às escolas e na experiência complexa que os miúdos, toda a gente, aliás, estão
a viver.
De repente lembrei-me com seria interessante que se
inventasse uma forma de proteger a vida dos miúdos das intempéries que alguns
deles têm à volta e tornar a vida um pouco mais confortável. Poderia ser criado
um dispositivo de protecção que fosse quase impermeável às agruras dos tempos
maus, protegendo-os das mais pesadas pois também é preciso passar por algumas e
que, ao mesmo tempo, fosse respirável, ou seja, não fosse um dispositivo que os
mantivesse numa redoma estanque e os asfixiasse, mas sim algo que lhes
permitisse continuar a respirar, a viver. Um dispositivo desta natureza seria
um bem precioso.
Mas esta é uma ideia completamente disparatada que seguramente foi motivada pela água que, entretanto, fui apanhando na cabeça, o casaco não tem capuz e o boné encharcou-se.
Ninguém me mandou andar à chuva, mas soube bem, muito bem.
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