Parece-me estimulante a leitura do texto de Paulo Prudêncio no
Público, “Que escola, e em que democracia, na sociedade que aí vem”.
(…)
Portanto, quando se pensa no futuro da democracia, e do
bem público e comum numa sociedade mais justa e igualitária, defende-se o
espaço gregário onde é imperativa a escola como instituição nuclear e
estruturante dos princípios fundadores que consolidam a razão e a ciência.
Digamos que é um espaço de segurança democrática dependente da nossa vontade. E
como a escola portuguesa está consensualmente asfixiada num doentio emaranhado
depois de quase duas décadas de políticas comuns de contracção, e radicalmente
antagónicas nos conceitos, urge um reinício assente, desde logo, na
simplificação organizacional.
(…)
Esta ideia de simplificação parece-me estimulante e inovadora e creio dever assentar numa verdadeira autonomia de escolas e professores. Por coincidência, já tenho abordado esta ideia aqui no Atenta Inquietude e retomo umas notas.
De uma forma geral, o trabalho a desenvolver nas escolas, em toda a escolaridade obrigatória, mas sobretudo nos primeiros anos e incluindo a educação pre-éscolar, deveria ter como orientação de base a simplificação.
Seria desejável que o trabalho a desenvolver, os conteúdos
envolvidos, os dispositivos em utilização, a organização de tempos e rotinas,
etc., tivessem como preocupação a simplificação, professores alunos e famílias
ganhariam. Esta simplificação deve incluir a avaliação e registos. Seria
positivo que, tanto quanto possível, se aliviasse a pressão “grelhadora” “projectista”
a que habitualmente escolas e professores estão sujeitos.
Como é evidente, este apelo à simplificação não tem a ver
com menos rigor, "facilitismo", menos qualidade, intencionalidade educativa ou não proporcionar
tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes pelo contrário, se
conseguirmos simplificar processos e recursos, alunos, professores e famílias
beneficiarão mais do esforço enorme que todos têm que realizar e estão a
realizar.
Sempre que falo desta questão recordo-me do Mestre João dos
Santos, a quem tarda uma homenagem com significado nacional, quando dizia, cito de memória pelo privilégio
de ainda o ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de
forma simples, é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos
produtivo e muito mais desgastante.
Talvez valesse a pena tentarmos esta via de mais simplificação.
As circunstâncias deste tempo já são suficientemente complicadas.
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