Uma pequena nota sobre amanhã, provavelmente, sem sentido.
Como tem sido amplamente anunciado de múltiplas formas a
partir de quinta-feira todos os alunos, todos os professores, todos os técnicos
e funcionários estarão no inferno. Ou não?
Não, não estarão no inferno, estarão nas escolas, onde a
grande maioria quer estar e precisa de estar.
Estará tudo preparado e a correr bem. Não, não estará, que
me lembre nunca se iniciou um ano lectivo em condições perfeitas.
Estarão todos os recursos necessários, humanos e materiais,
prometidos, anunciados e, obviamente necessários? Não, não estarão.
As escolas vão iniciar o seu trabalho em condições
verdadeiramente excepcionais para as quais não existe manual de instruções como
não existe para condições “normais” seja lá isso o que for.
Será possível estabelecer risco zero com mais de um milhão e
meio de pessoas, entre alunos, da educação básica e secundária, e profissionais
nos espaços escolares públicos? Não, não podemos garantir embora precisemos de
que estejam garantidas condições básicas e respostas prontas e eficientes.
Estamos com receios e inquietações? Sim estamos, sinal de lucidez
e preocupação. Teremos que ajudar os mais novos a gerir emocionalmente e cognitivamente
situações para as quais não estão preparados, estou a falar da educação pré-escolar
até ao secundário? Sim é imprescindível que o façamos, sobretudo com os mais
novos e mais vulneráveis.
…
E sabem por que razão escrevi estas notas e pensei outras da mesma
natureza? Claro que não.
É que durante esta tarde estive uns minutos a conversar com
os meus netos de quatro e sete anos que amanhã regressam ao jardim-de-infância
e à escola. Não é ao inferno, não pode ser ao inferno.
Estão motivadíssimos e entusiasmados porque vão voltar à
escola, às suas escolas, não ao inferno, insisto.
Eu também acho … mas estou preocupado, sobretudo com a forma
como todos os envolvidos, em múltiplos patamares e funções, cumpriram ou vão cumprir a sua parte.
Eles vão cumprir a deles. Voltar.
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