terça-feira, 15 de setembro de 2020

É AMANHÃ

 

Uma pequena nota sobre amanhã, provavelmente, sem sentido.

Como tem sido amplamente anunciado de múltiplas formas a partir de quinta-feira todos os alunos, todos os professores, todos os técnicos e funcionários estarão no inferno. Ou não?

Não, não estarão no inferno, estarão nas escolas, onde a grande maioria quer estar e precisa de estar.

Estará tudo preparado e a correr bem. Não, não estará, que me lembre nunca se iniciou um ano lectivo em condições perfeitas.

Estarão todos os recursos necessários, humanos e materiais, prometidos, anunciados e, obviamente necessários? Não, não estarão.

As escolas vão iniciar o seu trabalho em condições verdadeiramente excepcionais para as quais não existe manual de instruções como não existe para condições “normais” seja lá isso o que for.

Será possível estabelecer risco zero com mais de um milhão e meio de pessoas, entre alunos, da educação básica e secundária, e profissionais nos espaços escolares públicos? Não, não podemos garantir embora precisemos de que estejam garantidas condições básicas e respostas prontas e eficientes.

Estamos com receios e inquietações? Sim estamos, sinal de lucidez e preocupação. Teremos que ajudar os mais novos a gerir emocionalmente e cognitivamente situações para as quais não estão preparados, estou a falar da educação pré-escolar até ao secundário? Sim é imprescindível que o façamos, sobretudo com os mais novos e mais vulneráveis.

E sabem por que razão escrevi estas notas e pensei outras da mesma natureza? Claro que não.

É que durante esta tarde estive uns minutos a conversar com os meus netos de quatro e sete anos que amanhã regressam ao jardim-de-infância e à escola. Não é ao inferno, não pode ser ao inferno.

Estão motivadíssimos e entusiasmados porque vão voltar à escola, às suas escolas, não ao inferno, insisto.

Eu também acho … mas estou preocupado, sobretudo com a forma como todos os envolvidos, em múltiplos patamares e funções, cumpriram ou vão cumprir a sua parte.

Eles vão cumprir a deles. Voltar.

 

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