Desta vez também estou de acordo
com Pacheco Pereira no seu texto sobre o Acordo ortográfico do nosso
descontentamento, “Os espectadores activos contra os espetadores ativos – a inércia e o desprezo pela nossa língua”.
(…)
“Prometi a mim próprio escrever um ou dois artigos por ano contra o
chamado acordo ortográfico. E fiz essa promessa para não pecar do mesmo mal da
inércia, que é a principal força que mantém este acordo vivo. Na verdade, são
duas forças conjugadas, uma, a inércia, e a outra o desprezo pela língua
portuguesa. São duas forças muito poderosas e, conjugadas entre si, ainda mais
poderosas são. Mas são forças negativas, que misturam preguiça, indiferença,
incultura, desprezo pela memória e irresponsabilização pelo desastre e fracasso
diplomático que representou o acordo.
(…)
Enquanto for possível reverter a
situação criada pelo AO90 vale a pena insistir, importa que não nos resignemos.
É uma questão de cidadania, de defesa da Cultura e da Língua Portuguesa.
É importante recordar que apenas
Portugal, S. Tomé e Príncipe, Brasil e Cabo Verde procederam à ratificação. Em
2018 a Academia Angolana de Letras solicitou ao Governo angolano que o Acordo
Ortográfico de 1990 não seja ratificado e há algumas semanas a Comissão de
Educação da Câmara dos Deputados do Parlamento do Brasil aprovou um
requerimento de audiência pública para que seja debatida a revogação do AO ao
que parece por indicação do Presidente Bolsonaro o que será porventura umas
raríssimas ideias positivas vindas da figura.
Como tantas vezes tenho escrito,
desculpem a insistência e não inovar, entendo, evidentemente, que as línguas
são estruturas vivas, em mutação, pelo que requerem ajustamentos, por exemplo,
a introdução de palavras novas ou mudanças na grafia de outras, o que não me
parece sustentação suficiente para o que o Acordo Ortográfico estabelece como
norma.
Mas o que se fez foi transformar
a Língua Portuguesa numa confusão impossível de concertar dadas as diferenças
entre o Português falado pelos diferentes países da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa.
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