quinta-feira, 20 de junho de 2019

ENTRE HELSÍNQUIA E LISBOA


Não existem contextos sociais, culturais ou políticos iguais.
Não existem sistemas educativos iguais.
Não existem sistemas educativos perfeitos.
A qualidade é construída em cima da diversidade.
Não podem ser “fotocopiadas” receitas educativas por mais bem-sucedidas que pareçam.
Os números, mais simpáticos ou menos simpáticos, nunca contam tudo.
Dito isto, julgo que a entrevista que se encontra no Observador de Kristina Kaihari, Conselheira de Educação na Agência Nacional Finlandesa para a Educação, merece reflexão.
Um pequeno excerto.
(…)
Confiam cegamente nos professores?
A Finlândia é uma sociedade baseada na confiança. Sei que, em muitos países, as pessoas simplesmente não acreditam quando dizemos estas coisas. Muitas vezes, perguntam-me: “Mas como é que sabem que os professores estão a fazer as coisas da forma correta?” Nós confiamos nos professores. Sabemos que eles estão a fazer o trabalho deles e vemos os resultados. Não temos, por exemplo, inspetores a visitar as escolas. Também não comparamos escolas. Os resultados de cada uma servem para os professores perceberem o que é preciso melhorar. Como, na Finlândia, as qualificações requeridas aos professores são as mesmas em todo o lado, não há grande diferença entre os resultados.
Todos os professores são bons professores e todas as escolas são boas escolas?
Claro que pode haver algumas diferenças, mas não serão assim tão grandes. Os primeiros anos da escola básica são iguais para todos, não fazemos separação de alunos, temos professores de ensino especial em todas as escolas. Se temos crianças com dificuldades de aprendizagem, é muito importante ajudá-las de imediato.
Não deixam as dificuldades do aluno progredir?
Não, não. É muito importante que todos tenham oportunidade, suporte e ajuda imediatamente.
Chumbam alunos?
Tentamos evitá-lo, é muito raro um aluno ser retido, mas às vezes acontece. Sabemos que, normalmente, chumbar um estudante não ajuda muito, o melhor é arranjar-lhe ajuda no imediato e encorajar a criança a fazer o seu melhor para passar para o nível seguinte.
(…)
Sim, não parece fácil … mas não é impossível.

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